A World Health Organization define que um adulto tem anemia quando o valor de hemoglobina é inferior a 13 g/dl no caso de um homem, inferior a 12 g/dl em mulheres e inferior a 11 g/dl durante a gravidez.(1) A hemoglobina é um constituinte essencial dos glóbulos vermelhos e é responsável pelo transporte e distribuição de oxigénio por todo o corpo.
Na anemia, com a diminuição do número de glóbulos vermelhos em circulação, a quantidade de oxigénio entregue aos órgãos é insuficiente para as necessidades básicas, pelo que o cansaço fácil e palidez são os principais sintomas desta patologia.
O défice de ferro é responsável por cerca de 60% dos casos de anemia, constituindo assim a causa mais frequente.(2) Após exclusão de outras causas e confirmação do défice de ferro é obrigatório identificar o que o está a motivar. Não existem mecanismos naturais de perda de ferro pelo organismo, pelo que uma hemorragia deve ser sempre procurada. Nas mulheres em idade fértil, essa perda pode dever-se apenas a um fluxo menstrual abundante que não é compensado pelo ferro ingerido na dieta. Nas situações em que a hemorragia não é obvia, é necessário examinar o tubo digestivo através de endoscopia para excluir lesões como fonte da perda sanguínea.
Outras causas possíveis estão relacionadas com fatores que provocam má absorção do ferro ingerido na dieta. A doença celíaca e o tratamento da obesidade com cirurgia bariátrica induzem frequentemente défice na absorção de ferro. Os hábitos alimentares devem ser explorados de forma a perceber a quantidade de ferro ingerido na dieta. O ferro absorvido com maior eficiência pelo tubo digestivo e disponível em maiores quantidades está presente nas carnes vermelhas, pelo que dietas vegetarianas ou com consumos muito limitados deste alimento também induzem falta de ferro. Por outro lado, dietas ricas em leite, chá ou café e pobres em vitamina C também limitam a capacidade de absorção do ferro.
Existem múltiplas formulações orais de suplementos de ferro, sendo esperada uma melhoria dos níveis de hemoglobina após um mês de suplementação. Se o tratamento por via oral não surtir efeito, deve ser explorada a causa em consulta médica.
Atualmente, é possível a suplementação por via endovenosa com infusões que são cada vez mais seguras e permitem administrar maiores doses numa única toma, com uma recuperação mais rápida e sustentada dos níveis de hemoglobina.