Ao longo da nossa vida, vivemos experiências negativas perturbadoras, que se tornam traumáticas e interferem com o nosso bem-estar. Essas experiências condicionam a forma como nos sentimos, agimos e podem levar a estados de ansiedade. Também as diferentes pressões a que somos submetidos diariamente a nível profissional, social, financeiro e familiar, fazem-nos sentir medo de falhar, o que por si só gera estados de ansiedade que condicionam os nossos comportamentos e geram sofrimento.
É normal sentir ansiedade?
A ansiedade faz parte do espetro normal das experiências emocionais humanas. Numa ou outra altura, já todos nós nos sentimos mais ou menos ansiosos. Dentro de certos limites, a ansiedade é considerada útil e benéfica, na medida em que nos incita a aperfeiçoar ou potenciar os nossos recursos frente às diferentes exigências do quotidiano, levando-nos a procurar soluções positivas para as mesmas. A ansiedade é, essencialmente, esperada em situações novas ou quando antecipamos mudanças. Torna-se patológica quando atinge níveis extremos, desproporcionais à situação que a desencadeia, ou quando não existe um objeto específico ao qual se dirige, ou ainda se adquire um caráter sistemático, prejudicando assim o nosso funcionamento saudável em diferente áreas de vida.
Como posso identificar a ansiedade?
A ansiedade não aparece nas radiografias, mas é possível identificar através dos sinais que o corpo transmite. Frequentemente, os sinais de ansiedade são confundidos com outras patologias, levando inclusive à realização de exames para encontrar uma resposta face aos sinais apresentados pelo corpo, como, por exemplo: tremores; sudorese; fadiga; dificuldade de concentração; dores de estômago; hiperventilação e aumento do ritmo cardíaco. Porém, existem outros sinais que deve ter em atenção, nomeadamente sentir medos que não são reais; preocupar-se excessivamente com o que os outros pensam sobre si próprio; evitar locais ou situações porque se sente desconfortável; ter dificuldade em adormecer ou acordar várias vezes durante a noite; ter pensamentos repetitivos e sentir que está sempre acelerado até em situações calmas. A identificação precoce de quadros de ansiedade pode tornar o processo terapêutico mais rápido e eficaz.
Existe tratamento ou preciso tomar medicamentos?
A ansiedade pode ser extremamente incapacitante e limitadora, e como tal se se identifica com as situações apresentadas deverá procurar ajuda psicoterapêutica. O tratamento farmacológico atua apenas no alívio dos sintomas e não na causa do aparecimento da ansiedade. Através da psicoterapia é possível desconstruir as narrativas existentes e substituir por narrativas mais adaptativas e flexíveis que permitem a mobilização das pessoas, para alcançarem os seus objetivos. Além disso, a psicoterapia ajuda a diminuir o impacto dos psicofármacos quando necessários. Quanto mais cedo a ansiedade for diagnosticada e tratada, menor impacto negativo a ansiedade terá na sua vida.
