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O que é a Síndrome Metabólica?

publicado em 20 Jul. 2020

A Síndrome Metabólica é um conjunto de fatores de risco de cariz metabólico, que se traduz num risco acrescido de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, tais como enfarte e acidente vascular cerebral, bem como o desenvolvimento de diabetes tipo II.

 

O diagnóstico de síndrome metabólica é feito quando estão presentes, pelo menos, três dos cinco fatores: obesidade abdominal-perímetro abdominal que exceda 102 cm no homem e 88 cm na mulher, triglicerídeos iguais ou superiores a 150 mg/dl, colesterol das HDL igual ou inferior a 40 mg/dl no homem e a 50 mg/dl na mulher, tensão arterial igual ou superior a 135/85 mm Hg e glicemia em jejum igual ou superior a 100 mg/dl. A síndrome metabólica não apresenta sintomas e tem como único sinal a presença de um abdómen proeminente. Afeta mais de um terço da população portuguesa adulta.

 

O excesso de gordura visceral, em conjunto com a suscetibilidade metabólica de cada indivíduo são os fatores condicionantes desta síndrome. Os principais fatores dessa suscetibilidade são a resistência à insulina, o excesso de células gordas, a inatividade física, a idade avançada, os hábitos tabágicos e a predisposição genética. Os doentes com síndrome metabólica têm um risco 3,5 vezes maior de morte por doenças cardiovasculares. Frequentemente, a diabetes tipo II está associada à síndrome metabólica e quando isto acontece o risco cardiovascular aumenta significativamente.

 

Em relação ao tratamento e suas complicações, obriga a amplas mudanças nos hábitos de vida, nomeadamente uma alimentação mais saudável e prática de exercício físico regular. O objetivo principal é a perda de peso.

 

As recomendações internacionais apontam para uma perda de pelo menos 10% para indivíduos com excesso de peso ou obesos e a normalização do índice de massa corporal para valores inferiores a 25 Kg/m2. Uma dieta restritiva em gorduras, açúcares e rica em fibras contribuirá para um melhor equilíbrio. A prática regular de atividade física, de pelo menos 30 minutos por dia, com uma intensidade moderada, é uma medida complementar extremamente valiosa. Quando o tabagismo está presente, é obrigatório que esse hábito seja suspenso, pois mesmo controlando todos os outros fatores de risco o estado de inflamação crónica persiste e o risco vascular aumenta exponencialmente.

 

Em quase todos os doentes é necessário intervir com medicação. Felizmente, existem medicamentos eficazes na redução dos fatores de risco, como a redução do colesterol, antihipertensores, antidiabéticos e antiagregantes plaquetários. Atualmente, temos ao nosso dispor antidiabéticos que permitem não só, controlar as glicemias, mas também ajudar na perda ponderal, constituindo uma mais valia na abordagem desta patologia. Conseguindo reduzir a insulinoresitência e o estado pró-inflamatório, interrompemos a cascata que conduz a esta síndrome e evitamos a junção das plaquetas nas paredes dos vasos sanguíneos, auxiliando na redução de enfartes e acidentes vasculares cerebrais.

 

Só um doente consciente e motivado pode mudar o curso da sua doença e da sua vida. Uma equipa de profissionais de saúde que o saibam auxiliar nesse percurso constitui a chave para o sucesso. Alertar sem assustar, informar e aconselhar são medidas essenciais para conseguir a adesão do nosso doente, permitindo-lhe ter uma vida com qualidade e sem as comorbilidades associadas ao excesso de peso/obesidade.