Skip to main content

Tenho um nódulo na tiroide! E agora?

publicado em 08 Nov. 2021

A patologia nodular tiroideia é muito frequente na nossa população. É mais frequente nas mulheres e a sua prevalência aumenta com a idade. Mais de metade da população do sexo feminino com mais de 50 anos tem nódulos na tiroide, detetáveis numa ecografia.

 

A maioria dos nódulos são benignos e não provocam sintomas. São, por norma, identificados num exame imagiológico de rotina, por vezes realizado para estudo de outra patologia (ex.: ecodoppler carotídeo, TAC coluna cervical, etc.).

 

Então, quando e porquê preocupar com um nódulo tiroideu?

 

1 – Quando existem sintomas tradutores de excesso de funcionamento (palpitações, trémulo, intolerância ao
calor, perda ponderal, dejeções mais moles e frequentes, etc). Estamos perante um nódulo tóxico ou hiperfuncionante. O doseamento dos níveis das hormonas tiroideias confirmará essa suspeita.

 

Deve ser realizada uma cintigrafia da tiroide para confirmar o diagnóstico e orientar para terapêutica com iodo
radioativo.

 

Este tipo de nódulo só muito raramente é maligno.

 

2 – Quando se desconhece a natureza benigna ou maligna do nódulo. A palpação do pescoço analisa a localização, tamanho e consistência do nódulo, presença de uma ou várias nodularidades (vários nódulos associam-se mais vezes a patologia benigna) e ainda a presença ou ausência de adenopatias cervicais palpáveis.

 

A ecografia é um método indolor, inócuo, económico e com precisão, que permite avaliar a dimensão dos nódulos, identificar se são únicos ou múltiplos, elucidar sobre o risco de malignidade e permite avaliar os gânglios cervicais. É o exame de primeira linha a solicitar quando se deteta um nódulo tiroideu. Permite ainda afirmar se o nódulo é sólido ou líquido (quisto).

 

Em função do parecer médico, poderá ser necessário realizar uma biopsia, que consiste na recolha de células do nódulo para análise ao microscópio e tem como objetivo identificar os nódulos malignos para sua remoção. Se o nódulo for quístico, é possível aspirar o líquido interior. Mesmo quando os nódulos são benignos, devem ser vigiados. Quando o diagnóstico não é conclusivo, pode ser mais seguro avançar para a cirurgia. Pode ainda haver indicação para repetir o exame quando o resultado é insatisfatório (quando o número de células recolhidas é insuficiente para o diagnóstico).

 

3 – Quando o nódulo é grande o suficiente para comprimir as estruturas vizinhas do pescoço e causar sintomas como dificuldade em engolir sólidos ou líquidos, rouquidão ou falta de ar, tendo indicação cirúrgica pelas suas dimensões.

 

O endocrinologista fará o follow-up após cirurgia (determinação da necessidade de terapêutica de substituição da hormona tiroideia) e, no seguimento de neoplasias malignas, avalia a necessidade de terapêutica complementar com iodo
radioativo e procede ao doseamento dos marcadores bioquímicos necessários (tiroglobulina, calcitonina, etc). Cerca de 90% das neoplasias malignas da tiroide são bem diferenciadas (carcinoma papilar e folicular) e têm bom prognóstico.

 

Assim, mesmo na presença de patologia maligna da tiroide, na maioria dos casos, esta não coloca a vida do doente em perigo.