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Diabetes Gestacional: a abordagem do Nutricionista

publicado em 10 Jan. 2022

A prevalência da Diabetes Gestacional (DG) aumenta com a idade, atingindo os 17,7% nas mães com idade superior a 40 anos (FONTE: GDH – ACSS/DGS; Estatísticas da Morbilidade Hospitalar; Tratamento OND).

 

Carateriza-se pela intolerância aos hidratos de carbono diagnosticada na gravidez, resistência à insulina e hiperglicemia. É assintomática e o diagnóstico faz-se nas análises do primeiro trimestre por glicose plasmática em jejum superior ou igual a 92 mg/dl, ou no 2º trimestre através da realização de uma PTGO (prova tolerância à glicose oral).

 

Os fatores de risco para DG são a idade materna, o excesso de peso, a existência de familiares de 1.º grau diabéticos, o aumento de peso excessivo durante a gravidez , etc.

 

De forma geral, quando a DG é bem controlada as complicações são pouco frequentes e a maioria dos bebés tem poucas complicações, mas podem ocorrer:
• Hipoglicemia ao nascimento;
• Icterícia neonatal transitória (pele amarelada do recém-nascido);
• Dificuldade respiratória pelo atraso no desenvolvimento dos pulmões do feto;
• Macrossomia – o feto pode ser grande para a idade gestacional ou ter um peso ≥ a 4 kg à nascença, o que pode dificultar o parto.

 

A exposição à diabetes no meio intrauterino está associada a um risco acrescido de excesso ponderal e obesidade com início na infância, alterações no metabolismo da glicose e insulinorresistência, contribuindo para o aparecimento da Diabetes tipo 2 em idades mais jovens.

 

O objetivo do tratamento é controlar a glicose no sangue da gestante, para prevenir complicações para a mãe e bebé. A autovigilância da diabetes pela monitorização da glicose no sangue é fundamental!

 

Toda a mulher com DG deve ser precocemente referenciada a um nutricionista, que estabelecerá um plano alimentar individualizado. O valor calórico total obedecerá à seguinte distribuição de macronutrientes: 50% de hidratos de carbono, 30% de gorduras e 20% de proteínas.

 

Os hidratos de carbono devem ser distribuídos ao longo do dia por 3 refeições principais e 2-3 intermédias (meio da manhã e 1-2 lanches) e 1 refeição antes de deitar.

 

O exercício físico moderado é incentivado, sobretudo a marcha após as refeições.

 

O tratamento com injeções de insulina será implementado se a mãe, após 2 semanas de tratamento com dietoterapia, não apresentar os níveis de glicemia preconizados.

 

No plano alimentar da grávida, tem-se em consideração os micronutrientes fundamentais: minerais (ferro e cálcio), vitaminas (ácido fólico, vitamina C e vitaminas lipossolúveis) e fibras solúveis e insolúveis. Ensina-se, na consulta de nutrição da grávida diabética, sobre a composição e o índice glicémico dos alimentos e fornece-se à mãe uma lista de alimentos com composição equivalente em hidratos de carbono, para uma alimentação variada.

 

O consumo de sopa de legumes no início das refeições deve ser sempre incentivado, por ser um alimento muito rico em fibras solúveis, que têm um papel importante no metabolismo (diminuem a velocidade de absorção de glicose a nível intestinal).

 

A DG não afeta a amamentação e o aleitamento materno é muito recomendado, devido aos seus benefícios a curto e a longo prazo para a mãe e para o bebé: redução do risco de obesidade, de diabetes, de doenças cardiovasculares e do risco de intolerância à glicose.