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Explicar a morte às crianças: como fazê-lo?

publicado em 28 Ago. 2022

A morte é inerente a todos os seres vivos, tornando-se, assim, um tema essencial a ser conversado com as crianças. Eventualmente terão de se confrontar com uma situação de morte, sendo importante que adquiram as competências necessárias para gerir e superar os sentimentos de luto e de perda.

Falar com as crianças sobre a morte parece ser complicado, pois existe a ideia de que estas não se encontram emocionalmente preparadas para abordar o tema. Uma vez que, para alguns adultos, falar sobre a morte causa desconforto, angústia e insegurança, não sabendo como encarar as questões realizadas pelas crianças, acaba-se por evitar o assunto ou terminar a conversa sem uma explicação concreta e clara.

Quando o tema da morte surge, os adultos devem ser honestos e dizer sempre a verdade, utilizando uma linguagem clara, adequada à idade e maturidade cognitiva e emocional das crianças, explicando que a morte é um processo natural e que faz parte do ciclo de vida. Devem estar sempre disponíveis para responder a todas as questões e dúvidas colocadas, proporcionando uma escuta sensível e empática que promova a expressão dos sentimentos e emoções. Deverá ser reforçada a ideia de que a pessoa que partiu a amava.

 

O conceito de morte e a sua compreensão vai-se alterando ao longo do desenvolvimento do pensamento das crianças. Para bebés entre os 0 e os 3 anos a morte é sinónimo de separação, uma ausência temporária por parte das figuras significativas. As crianças entre os 3 e os 5 anos relacionam a morte a um período de grande tristeza, pois é esta emoção que lhes é transmitida pelos adultos, no entanto ainda concebem a morte como algo reversível, por exemplo, como o sono. Entre os 5 e os 9 anos já compreendem a morte como algo irreversível, reagindo com angústia ao tema. Nesta faixa etária manifestam interesse em perceber o que se passa com o falecido após a morte.

 

Na transição da infância para a adolescência, entre os 9 e os 12 anos, a morte é interiorizada como um processo permanente e universal que é irreversível e transversal a todos os seres vivos.

 

Todas as crianças são diferentes umas das outras, assim também as suas reações à morte podem diferir. É essencial os adultos à sua volta estarem atentos a alterações do comportamento. Muitas vezes as crianças demonstram dificuldade em lidar com a morte, o luto e a perda, baixando o rendimento escolar, tendo dificuldades de concentração e de memória, apresentando ansiedade, isolamento social, medo, cefaleias, insónia e pesadelos, perda de apetite e dores
de barriga.

 

Quando uma criança experiencia a morte e o luto é importante que esta consiga exteriorizar os seus sentimentos e emoções. Sempre que se verifica uma dificuldade em lidar com a perda e a dor ou esta é prolongada, incapacitando a realização das atividades do dia-a-dia ou o desenvolvimento normal, deve haver uma intervenção clínica de forma a ajudar a lidar com os sentimentos e a ultrapassar o impacto da perda.