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“Joanetes”: mitos e verdades – Técnicas cirúrgicas atuais

publicado em 05 Jan. 2020

Hallux valgus ou “joanetes”, como são popularmente conhecidos, são a deformidade mais comum do antepé, podendo provocar dor e incapacidade progressiva ao caminhar e deformação no uso de calçado. A sua etiologia é multifatorial, com uma carga hereditária importante, com mais incidência nas mulheres, mas também afetando o sexo masculino, os joanetes estão muitas vezes relacionados com lesões ligamentares capsulares ou laxidez ligamentar.

 

Do ponto de vista biomecânico, o pé do Ser Humano está preparado para apoiar 50% da carga no 1.º raio (1.º dedo) e os demais 50% das cargas são distribuídos pelos dedos menores. Quando um doente tem hallux valgus (“joanete”) essa distribuição de cargas é feita de forma anómala, causando deformidade progressiva não só do 1.º dedo, com queixas dolorosas, mas também ao nível dos 2.º e 3.º dedos, coexistindo muitas vezes dor plantar sob o antepé ao caminhar, deformidade dos dedos (dedos em garra), levando por vezes ao aparecimento de Neuromas de Morton sintomáticos.

 

Menos frequente na nossa sociedade, também o joanete do 5.º dedo (Quintus Varus ou “joanete de Sastre”) é fonte de dor e incapacidade, levando muitas vezes a conflito com uso de calçado por deformidade no 5.º dedo.

 

Em ambos os casos o tratamento conservador consiste em analgésicos e anti-inflamatórios, não estando comprovado que os protetores de joanete/ortóteses em silicone melhorem as queixas nem o curso da doença, a qual tendencialmente é progressiva levando a maior deformidade com o tempo.

O único tratamento eficaz é o cirúrgico que com as técnicas atuais, cada vez menos invasivas, têm excelentes resultados.

 

Mitos: o joanete pode voltar? A cirurgia dói muito?
A recidiva existe, mas é extremamente baixa, com uma taxa a rondar os 1-3%. O segredo está em, dentro das inúmeras técnicas existentes descritas na literatura, ajustar caso a caso, de acordo com as queixas individualizadas de cada doente, assim como escolher a técnica correta para corrigir a deformidade existente. Com os avanços nos materiais e técnicas utilizadas, os procedimentos são cada vez menos dolorosos, tendencialmente menos invasivos e mais eficazes. A título de exemplo, a técnica percutânea apenas com 3 “furinhos” não leva pontos, normalmente.

 

Se tem joanete com dor recorrente, deve consultar um Ortopedista Especializado em Pé e Tornozelo, com vista a uma avaliação clínica e individualizada. O exame auxiliar de diagnóstico fundamental é a Rádiografia de ambos os pés em carga, com recurso à Ressonância Magnética nos casos de dor ou deformidade do 2.º dedo (rotura da placa plantar, por exemplo) ou dor sob os metatarsianos centrais (existência de Neuromas de Morton associados).

 

Pós-operatório habitual:

 

  • Cirurgia feita em ambulatório ou 1 dia de internamento;
  • O doente sai do hospital a andar pelo próprio pé (com apoio de canadianas se necessário);
  • Retira pontos pelo 16.º dia pós-operatório (técnica percutânea não leva pontos);
  • Uso de sapato ortopédico durante 3 ou 4 semanas para caminhar de forma mais cómoda;
  • Não necessita de fisioterapia.