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Perturbações de saúde mental na primeira infância

publicado em 23 Out. 2022

As perturbações de saúde mental da primeira infância são mais comuns do que se imagina, sendo por isso frequente a desvalorização dos problemas e atraso na procura de ajuda.

O período entre o nascimento e a entrada na escola primária é, habitualmente, considerado feliz e sem preocupações, pelo que para a maioria das pessoas é surpreendente saber que um número significativo de bebés e crianças sofrem de uma perturbação mental relevante.

 

Dada a importância da deteção e intervenção precoce nestas crianças, tem havido, nas últimas décadas, uma crescente preocupação com a saúde mental nesta faixa etária. São reportadas na literatura como sendo frequentes as perturbações do sono, alimentação, regulação emocional, processamento sensorial e de comportamento. A maioria destes problemas têm impacto no desenvolvimento da criança, tornando-as também mais vulneráveis a vir a sofrer de doenças mentais na adolescência ou vida adulta.

Nesta faixa etária, as crianças não possuem as mesmas competências cognitivas, emocionais e verbais que as crianças mais crescidas ou os adolescentes, pelo que a família é um alicerce fundamental para o diagnóstico e posterior tratamento. Também as abordagens são diferentes das utilizadas em crianças mais velhas, sendo frequentemente necessária a observação da interação cuidador-bebé, a sua separação e a posterior reunião ou mesmo a observação direta na creche ou em momentos chave do problema, como por exemplo, uma refeição.

Nos dias de hoje, os pais passam os dias a correr, têm cada vez mais dias mais longos de trabalho e menos tempo para a família. Chegar cansado, sem ter uma noite seguida de sono há meses e cuidar de um bebé/criança com algum problema,
inevitavelmente aumenta os níveis de ansiedade dos adultos que moram em casa, o que se transmite, involuntariamente,
para os mais pequenos, aumentando por sua vez os problemas iniciais das crianças, criando um ciclo fechado, que precisa de ser interrompido.

 

As perturbações de saúde mental da primeira infância são mais comuns do que se imagina, sendo por isso frequente a desvalorização dos problemas e atraso na procura de ajuda. Embora algumas das perturbações (como hiperatividade/défice de atenção, autismo, entre outras) não apresentem tratamento curativo, é sempre possível melhorar a qualidade de vida dos mesmos e da família com uma intervenção adequada, o mais precocemente possível.

 

A doença mental não tratada na infância tem sérias consequências na vida enquanto adolescente e mais tarde enquanto adulto, condicionando a saúde física e mental e limitando oportunidades de vida.