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Rastreio do cancro do pulmão – uma esperança tornada realidade que salva vidas

publicado em 03 Mar. 2020

O cancro do pulmão é uma doença oncológica frequente, muito ligada ao fumo do tabaco, e que apesar de todos os avanços terapêuticos recentes, ainda é uma doença com alta taxa de mortalidade. A incidência tem vindo a crescer e, infelizmente, quando diagnosticado em estádios avançados as perspetivas de curabilidade são reduzidas. Em Portugal, o Cancro do Pulmão é a doença oncológica que mais mortes provoca anualmente.

 

Como é feito o rastreio do cancro do pulmão? Utiliza-se a TAC de baixa dose, que é um equipamento que utiliza dose baixa de radiação, que recolhe imagens do interior do corpo, para um diagnóstico preciso.

 

Estes aparelhos permitem que as imagens sejam recolhidas com rapidez e precisão para que seja possível identificar os tumores mais pequenos, assim como diagnosticar a doença antes de dar sintomas de modo a permitir acesso a tratamento curativo.

 

O rastreio funciona? A primeira comprovação veio do Ensaio Nacional de Rastreio do Cancro do Pulmão (National Lung Cancer Screening Trial, NLST), nos Estados Unidos da América, publicado em 2013, no qual demostrou que a TAC de baixa dose pode salvar vidas (estatisticamente uma em cada cinco). Resultados idênticos foram conseguidos com o rastreio europeu NELSON. Se for detetado cancro do pulmão no rastreio, por norma, está em fase inicial, e o mais provável é que essas pessoas só precisarão de cirurgia, conseguindo-se um resultado curativo mais eficaz.

 

A quem é feito o rastreio? O rastreio deve ser dirigido para as pessoas que:

 

  • estejam de boa saúde em geral;
  • não apresentem sintomas;
  • tenham uma idade acima dos 45 anos;
  • fumem ou sejam ex-fumadores (há menos de 15 anos)
  • outros fatores: histórico familiar de cancro do pulmão, doença respiratória crónica ou exposição a poluentes ambientais (ex: amianto).

 

O que acontece no rastreio? O processo implica leituras das TAC torácicas de baixa dose por especialistas credenciados para perceber se os pulmões da pessoa examinada estão limpos. Por vezes, o exame consegue detetar áreas do pulmão mais sólidas (o pulmão normal é arejado) em forma de manchas ou de nódulos. É importante referir que encontrar um nódulo não significa necessariamente que existe cancro (existem nódulos inofensivos e são relativamente comuns – pelo menos metade das pessoas acima dos 50 anos tê-los-ão).

 

E se houver nódulos? Se o exame mostrar que tem um ou mais nódulos, será elaborado um plano apropriado de monitorização e testes.

 

Quais são os riscos? Alguns cancros podem não ser detetados (falso negativos) e algumas manchas ou nódulos podem ter aspeto tumoral quando na verdade não o são (falso positivos).

 

E depois do rastreio? Permite detetar o cancro do pulmão em fase inicial e aumentar as possibilidades de cura. À medida que os exames se tornam mais sensíveis, com níveis de radiação inferiores, é possível diagnosticar melhor a doença. A confirmação da existência de cancro é sempre feita após a obtenção de uma amostra de tecido da área pulmonar suspeita. Caso seja confirmada a existência de um cancro do pulmão, existe uma equipa multidisciplinar de especialistas que planificará a abordagem terapêutica mais adequada a cada caso.

 

Este rastreio é eficaz na deteção precoce da doença em pessoas com fatores de risco. O que significa que cada vez mais pessoas receberão tratamento para cancro do pulmão em fase inicial e terão melhores perspetivas de cura. Se se enquadra em grupo de risco, fale com o seu médico assistente, exponha as suas preocupações, o qual apresentará opções de cuidados de saúde e ajudá-lo-á a perceber o que pode ser feito.

 

O Trofa Saúde Hospital disponibiliza um projeto piloto que pode ajudar os doentes em risco a despistar precocemente o cancro do pulmão, evitando assim muitas mortes prematuras.