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Deixei de ouvir. E agora?

publicado em 19 Ago. 2022

A perda de audição nos adultos pode ocorrer de forma gradual, ao longo de meses, anos ou de forma súbita. Neste caso, a observação rápida por um médico otorrinolaringologista é essencial para determinar a etiologia e proceder ao tratamento atempado.

 

Nos adultos, a acumulação de cerúmen é a causa mais frequente, sendo uma situação benigna e que pode ser resolvida rapidamente numa consulta de otorrinolaringologia, através de vários métodos. Nas situações em que não são objetiváveis alterações que justifiquem a perda de audição é mandatório a realização de um estudo auditivo, que irá determinar o tipo e o grau de perda presentes.

Chamamos surdez súbita neurossensorial a uma perda de pelo menos 30 dB em três frequências e que ocorreu em menos de 72 horas, podendo estar associada a zumbidos e/ou vertigem. Na ausência de exames anteriores, comparamos a audição com o ouvido “bom”. Este tipo de perda de audição é geralmente unilateral e na maior parte dos casos não se consegue determinar o fator desencadeante, pelo que é designada como idiopática.

Infeções víricas recentes, alterações vasculares, patologias autoimunes ou até tumores podem estar na origem desta situação. Na avaliação clínica, o médico determinará a necessidade de exames complementares de diagnóstico, nomeadamente exames de imagem, análises ou outro tipo de estudo e, determinando-se uma causa específica, o tratamento será dirigido à patologia em questão.

 

O tratamento inicia-se com um ciclo de corticoides sistémicos, havendo uma reavaliação após uma ou duas semanas. Se houver recuperação completa, mantém-se uma vigilância mais alargada. Se não houver qualquer recuperação, se esta for apenas parcial ou se o doente não tiver condições para realização de corticoterapia sistémica, pode-se proceder à terapêutica de resgate com injeções intratimpânicas (dentro do ouvido) de corticoide. Este procedimento é realizado sob anestesia local, no gabinete de consulta, com controlo microscópico. São feitas injeções semanais, sendo avaliada a evolução do doente com exames auditivos seriados. Na ausência de resposta, e como tratamento de fim de linha, o doente pode realizar sessões de oxigenoterapia hiperbárica, se referenciado até oito semanas após o aparecimento da surdez.

 

Assim, em caso de perda de audição súbita, a avaliação atempada é essencial para que seja feito um correto diagnóstico e instituído o tratamento adequado, de modo a dotar o doente da melhor possibilidade de recuperação.