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A abordagem terapêutica na asma

publicado em 09 Jul. 2020

A asma brônquica é uma doença que se caracteriza por uma inflamação crónica das vias aéreas.

 

Na grande maioria dos casos, não se pode prevenir a doença, mas apenas controlar através de medidas farmacológicas ou outras, possibilitando melhoria na qualidade de vida e bem-estar.

 

O objetivo da abordagem terapêutica da asma é a manutenção do controlo da doença, permitindo que o doente não tenha sintomas nem agudizações de forma a conseguir uma atividade normal, na qual se inclui o exercício físico e uma função pulmonar normal, com ausência ou redução ao mínimo dos efeitos adversos da medicação.

 

Os sintomas respiratórios mais comuns são a sibilância, pieira, dispneia, opressão torácica e tosse, variável em intensidade, gravidade e ao longo do tempo. O cansaço é um sintoma não respiratório frequentemente referido.

 

Na criança, adolescente e adulto, os sintomas respiratórios ocorrem em simultâneo, sendo a tosse isolada mais rara. Os sintomas são mais frequentes durante a noite e ao acordar; podem ser agudizados com exercício, riso, alergénios e ar frio, agravando com infeções respiratórias virais ou bacterianas.

 

Na criança com menos de 6 anos, efetuar com segurança o diagnóstico de asma pode ser difícil, pela frequência de episódios recorrentes de sibilância ou tosse. Deve ser suspeita se houver episódios de tosse ou sibilância recorrentes e induzidos por diferentes estímulos (infeções, exercício, riso, choro, alergénios e outros desencadeantes), historial de atopias, com resposta a período curto (2-3 meses) de terapêutica farmacológica de controlo.

 

Se o doente não está controlado por um período superior a 3 a 6 meses com medicação, deve ser avaliado em consulta especializada, depois de ter sido efetuada uma revisão do diagnóstico, da técnica inalatória, da adesão à terapêutica, do controlo ambiental, da exclusão de diagnósticos alternativos e de eventuais comorbilidades.

 

O estudo da função pulmonar é parte integrante do diagnóstico e da monitorização da pessoa com asma, sendo recomendada a espirometria com teste de broncodilatação.

 

A terapêutica inalatória é essencial no tratamento da asma e tem de ser adequada a cada grupo etário. Na criança com idade até 4 anos, deve preferir-se inalador pressurizado, associado a câmara expansora com máscara e a partir desta idade pode considerar-se este associado a câmara expansora com peça bucal. Em adultos, adolescentes e crianças com 6 anos ou mais, recomenda-se como primeira linha os inaladores de pó seco, constituindo alternativa relevante os inaladores pressurizados.

 

Em qualquer grupo etário, os nebulizadores não devem ser considerados a não ser excecionalmente na asma, em que a componente atópica seja relevante; devem ser instituídas medidas específicas de evicção ambiental.

 

No tratamento devem preferir-se medicamentos que permitam atingir o controlo clínico o mais rapidamente possível, melhorando significativamente os sintomas, normalizando a função pulmonar, abolindo ou reduzindo a frequência e intensidade das agudizações e os internamentos. Os corticoesteróides inalados administrados de forma contínua ao longo do tempo são os fármacos mais eficazes no controlo a longo prazo da asma persistente.