Skip to main content

O adolescente na consulta de Pediatria

publicado em 06 Mar. 2019

A consulta de Pediatria está direcionada para uma população muito ampla, uma vez que acompanha desde o recém-nascido até ao adolescente com idade inferior a 18 anos.

 

A adolescência, período que se inicia pelos 10 anos e se prolonga, segundo a definição mais aceite, até aos 18 anos e para alguns autores até aos 21 anos, marca a passagem da infância para a idade adulta e traz importantes desafios para pais e filhos.

 

Caracteriza-se essencialmente pelo início da puberdade, que conduz a profundas mudanças na aparência corporal que, embora normais, colocam insegurança e por vezes medo no adolescente. É comum a presença de comportamentos exploratórios e o desenvolvimento de uma preocupação crescente com a sua autoimagem.

 

Aliadas às mudanças físicas surgem também alterações psicossociais que visam a aquisição da sua identidade, autonomia e independência. Nesta fase o adolescente está ávido de novas experiências e reage emotivamente, mas é incapaz de ter o discernimento necessário para não se colocar em situações de risco, uma vez que as áreas do Sistema Nervoso Central, responsáveis pelas funções superiores, ainda não estão totalmente desenvolvidas.

 

Dadas as particularidades desta faixa etária, que é habitualmente considerada saudável, cada consulta deve constituir uma janela de oportunidade para abordar temas de relevo e “identificar possíveis momentos de crise”.

 

Nesse sentido, cada vez mais o adolescente e os seus pais procuram obter informação fiável, atualizada e fornecida por um profissional de saúde. É comum a preocupação demonstrada na abordagem de temáticas como a sexualidade, as perturbações do comportamento alimentar ou a dependência de redes sociais e evidente dificuldade na comunicação entre pais e filhos.

 

A consulta tem algumas especificidades que são apresentadas, desde logo a possibilidade de falar individualmente com o adolescente. Embora numa fase inicial possa parecer constrangedor, permite também perceber que a consulta é centrada em si e que pode confiar no profissional de saúde, que está disponível para o ouvir. A confidencialidade, que significa que a informação que o jovem revelar não será dada aos pais, é respeitada e apenas quebrada em situações muito específicas, nomeadamente, abuso ou lesão para o próprio ou para outros. É também transmitida a importância da responsabilização pela sua saúde bem como a necessidade da adoção de hábitos de vida saudáveis.

 

No final da consulta é feita uma síntese dos aspetos que foram abordados e posteriormente é passada à família a informação mais relevante, procurando, quando se justifica, melhorar as estratégias de comunicação.

 

O pediatra atua como mediador, como se de uma negociação se tratasse, uma vez que têm de existir cedências de ambas as partes, de pais e filhos.

 

Nesta consulta tão particular, o objetivo principal é que adolescente e família fiquem mais esclarecidos e tranquilos, prontos para enfrentar esta fase maravilhosa que é a adolescência.