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Diabetes ocular: o que é e como identificar?

publicado em 21 Dez. 2021

A diabetes mellitus é uma doença crónica caraterizada pelo aumento dos níveis sanguíneos do açúcar glicose (hiperglicemia). Esta condição pode desencadear lesões em vários órgãos, nomeadamente nos olhos, nos rins e nos nervos periféricos (pé diabético), aumentando também o risco de eventos cardiovasculares. No olho, as alterações associadas a diabetes incluem: tendência para olho seco, com desconforto ocular e fotofobia, progressão acelerada de cataratas, alteração transitória de erro refrativo (miopia, hipermetropia), risco de glaucoma e, finalmente, retinopatia diabética – sem dúvida a mais séria complicação ocular.

 

Os dados mais recentes indicam existirem mais de 1 milhão de diabéticos em Portugal, sendo que 16,3% destes doentes terão retinopatia diabética. Os fatores de risco mais importantes são a duração da diabetes, particularmente a partir de 20 anos de doença, bem como o grau de controlo glicémico, ou seja, níveis de glicose normais diminuem o risco de progressão da retinopatia diabética. Acresce ainda a hipertensão arterial, bem como níveis de colesterol e triglicerídeos aumentados.

 

O diagnóstico e tratamento rigoroso da retinopatia diabética é realizado pelo Médico Oftalmologista, pelo que se recomenda que todos os diabéticos façam consulta de Oftalmologia anual.

 

Se durante o exame forem detetadas lesões suspeitas, será necessário realizar exames complementares. Os dois exames fundamentais são: a angiografia fluoresceínica, que permite detetar lesões vasculares, definindo assim o grau de gravidade da retinopatia, e ainda a tomografia de coerência ótica, pois permite avaliar a integridade das várias camadas celulares da retina macular e assim caraterizar alterações como edema macular, atrofia celular ou patologia tracional da mácula. Caso estes exames mostrem alterações ameaçadoras da visão, será necessário iniciar tratamento, que, segundo a prática clínica moderna, inclui a administração de injeções intraoculares de fármacos conhecidos como anti-VEGF, que revelaram ser eficazes na regressão da doença, permitindo alcançar melhoria significativa da visão. Nos casos com danos vasculares severos, será necessário complementar com tratamento por laser Árgon, dirigido às zonas periféricas da retina. Por último, nos casos de extrema gravidade, a solução pode passar por cirurgia, que implica a remoção do gel vítreo do olho (vitrectomia), complementada com uma variedade de técnicas ajustadas à gravidade da doença.

 

Sendo certo que o tratamento não tem a mesma eficácia em todos os diabéticos, em virtude da complexidade da doença, a verdade é que atualmente, com vigilância regular e tratamento atempado das lesões, conseguimos que a maioria dos doentes mantenham níveis de visão compatíveis com a realização das tarefas profissionais e pessoais do dia adia.