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Inteligência Artificial na Oftalmologia: o futuro chegou!

publicado em 15 Out. 2021

Sim, os carros andam sozinhos, desbloqueamos telemóveis com um simples olhar e há supermercados sem caixas de pagamento. A Inteligência Artificial (IA) chegou e a sua implementação e generalização são inevitáveis. Compete-nos retirar o maior proveito da sua utilidade.

 

O conceito de IA é amplo e representa a simulação de processos de inteligência humana em máquinas. Este processo é mais frequentemente realizado por “machine learning”, que consiste na análise de um grande volume de dados
devidamente classificados, aplicação de algoritmos, estabelecimento de correlações e padrões e consequente realização
de previsões.

 

A sua utilização na medicina é já uma realidade, nomeadamente no diagnóstico imagiológico. A Oftalmologia reúne uma serie de condições que são propícias à utilização da IA, uma vez que o acesso ao interior dos olhos é simples, rápido e seguro. Para além disso, tem uma relação muito próxima com a tecnologia e inclui, na sua atividade diária,
a realização de múltiplos meios complementares imagiológicos, geradores de dados passíveis de serem analisados.

 

Doenças como Glaucoma, Degenerescência Macular relacionada com Idade e Retinopatia Diabética constituem algumas das principais causas de cegueira, e as previsões apontam para o aumento da sua prevalência, potenciadas pelo envelhecimento da população. Além do impacto nefasto na qualidade de vida dos doentes, estas doenças representam uma fatia pesada no orçamento dos sistemas de saúde a nível mundial.

 

O prognóstico destas patologias depende da sua deteção precoce e da sua progressão. Estudos demonstram que a IA permitirá identificar alterações mais precocemente, tal como identificar os doentes que estão em risco de progressão, constituindo um passo em direção à medicina de prevenção. O processo está longe de ser infalível, pelo que carece de validação por um especialista, mas a IA assumirá um papel progressivamente mais importante como ferramenta auxiliar do médico no diagnóstico, no seguimento e na definição do tratamento da patologia oftalmológica, como também na orientação eficaz de doentes para o oftalmologista, nomeadamente em países onde escasseiem recursos diferenciados.

 

Os sistemas de saúde estão a evoluir no sentido da eficiência, da sustentabilidade e a IA assumirá um papel relevante
neste processo. O desafio será utilizar a IA para potenciar a humanização de cuidados e a medicina centrada no doente.

 

As expetativas são elevadas. A IA poderá identificar alterações no fundo ocular, que não são hoje reconhecidas, e associá-las a patologia oftalmológica ou até do sistema nervoso central, como demências ou fatores de risco para Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC). No limite, poderá ser possível identificar doentes mesmo antes de apresentarem qualquer manifestação da doença.

 

Bem-vindos ao futuro!