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Infeções urinárias no verão

publicado em 02 Ago. 2021

Com o verão, chega o calor e também, habitualmente, as tão aguardadas férias. Mas o aumento da temperatura faz com que percamos mais água de formas insensíveis, como com a transpiração e a respiração. Se não hou­ver um reforço adequado da hidratação que compense essas mesmas perdas, há uma tendência para a redução da quan­tidade de urina produzida, ficando mais concentrada e com odor mais intenso. Os intervalos entre micções ficam maio­res, o que propicia o crescimento bacte­riano no interior da bexiga, facilitando o aparecimento de infeções urinárias.

 

As infeções urinárias (IU) normal­mente dividem-se em IU altas (que afetam os rins, denominadas pielone­frites) e IU baixas (que envolvem mais frequentemente a bexiga nas senhoras, as cistites, e a próstata nos homens, as prostatites).

 

A maior parte das infeções urinárias ocorre de forma esporádica e sem evi­dentes causas precipitantes. Contudo, existem fatores que aumentam a pro­babilidade de vir a desenvolver uma IU, nomeadamente: hidratação inadequada, intervalos miccionais longos, maus hábi­tos de higiene, trânsito intestinal irregu­lar. Há também patologias que provocam alterações funcionais e estruturais que facilitam o aparecimento de IU: doenças neurológicas, a diabetes mellitus, os pro­lapsos genitais femininos, a hiperplasia benigna da próstata, os cálculos renais de grandes dimensões, entre outras…

 

As cistites não complicadas normal­mente caraterizam-se pela dor ao uri­nar, aumento da frequência miccional e urgência urinária. As manifestações clínicas típicas, associadas a um exame sumário de urina, são normalmente sufi­cientes para o diagnóstico. O tratamento é feito com recurso a antibióticos.

 

A maior parte das cistites tem uma evolução benigna, com rápida resolução dos sintomas e normalização das quei­xas urinárias. Contudo, há mulheres que têm IU recorrentes (mais de 2 infeções num período de 6 meses ou 3 infeções no decurso de um ano). Os fatores que nor­malmente se associam a IU recorrentes: atividade sexual, infeções urinárias na idade pediátrica, incontinência urinária, prolapsos genitais, vaginite atrófica, re­síduo pós-miccional elevado.

 

Em todas as doentes com IU recor­rentes é mandatório efetuar uma avalia­ção complementar, tendo por objetivo a identificação de causas tratáveis. Nas si­tuações em que não se encontra qualquer causa evidente, deve ser oferecido um esquema profilático, delineado à medida de cada uma das doentes.

 

No sexo masculino, as prostatites manifestam-se habitualmente pelo apa­recimento súbito de dor ao urinar, febre, desconforto perineal vago, mas intenso, com irradiação para o pénis, escroto e face interna das coxas. A intensidade dos sintomas invariavelmente motiva uma observação médica rápida. O diagnóstico normalmente é clínico e o tratamento faz-se com recurso a antibióticos, du­rante 2 a 4 semanas, de acordo com as caraterísticas do doente.