O bullying caracteriza-se por atos de agressão e intimidação repetitivos sem motivo aparente, realizados com a intenção de causar dor ou desconforto a outrem. O ato repetido de intimidação e a relação de desigualdade de poder são características que diferenciam o bullying de outros comportamentos agressivos, ou seja, um qualquer comportamento violento sobre alguém percecionado como mais fraco e que pode ocorrer por meio de agressões:
- Físicas: bater, lutar, dar pontapés, danificar pertences;
- Verbais: dizer coisas desagradáveis, caluniar, insultar;
- Psicológicas: ameaçar, arreliar, implicar, ignorar, deixar o indíviduo fora de um grupo;
- Sexuais: assédio, abuso…;
- Virtuais (cyberbullying): uso das tecnologias para ameaçar, assediar ou vitimizar.
O bullying pode ter consequências graves ao nível do bem-estar, com repercussões na vida adulta. Indivíduos que sofrem bullying quando crianças são mais propensos a sofrerem depressão e baixa autoestima quando adultos. O risco de apresentar problemas associados a comportamentos antissociais quando adulto, instabilidade no trabalho e relacionamentos afetivos pouco duradouros aumenta consideravelmente.
A depressão, o isolamento, a humilhação, a vergonha, a rejeição, o absentismo e o insucesso escolar são algumas das consequências físicas e psicológicas, pelas quais as vítimas de bullying poderão passar. Nos sintomas decorrentes deste comportamento, encontra-se uma forte associação entre sintomas de carácter físico (cefaleia, dor abdominal, lombalgia, tonturas) e de carácter psicológico (alterações de humor e no padrão do sono, ansiedade, solidão, isolamento, rejeição, baixa autoestima).
A intervenção terapêutica passa por ajudar a encontrar estratégias para lidar com a situação, nomeadamente estratégias que promovam a autoestima e a autoconfiança, partindo do conhecimento e valorização dos seus pontos fortes. A avaliação psicológica poderá ser necessária, no caso em que o indivíduo revele alterações emocionais e de humor, ansiedade, sintomas depressivos de forma intensa ou distúrbios da conduta. As técnicas de abordagem cognitivo-comportamental, nomeadamente psicoeducação, a promoção de competências pessoais e sociais e ainda técnicas de relaxamento, possibilitam mudanças de comportamentos, pensamentos e sentimentos, podendo ainda auxiliar na autorregulação emocional.
Bibliografia:
- Carvalhosa, S. (2010) Prevenção da violência e do bullying em contexto escolar. Lisboa: Climepsi Editores.
- Carvalhosa, Susana Fonseca; Lima, Luísa & Matos, Margarida Gaspar de (2002), Bullying: a provocação/ vitimação entre pares no contexto escolar português, Análise Psicológica, 4(20), 571-585. DOI: 10.14417/ap.21
- Martins, F.S & Faust, G.I. (2018), Prevenção ao bullying- intervenção baseada na abordagem cognitivo-comportamental. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 14(2), pp.113-120. DOI: 10.5935/1808-5687.20180016