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Papel do Médico Dentista no tratamento da Síndrome da Apneia/Hipopneia Obstrutiva do Sono

publicado em 25 Fev. 2021

A Síndrome da Apneia/Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS) é um distúrbio relativamente comum e potencialmente fatal, que ocorre durante o sono e que se caracteriza por episódios recorrentes de obstrução das vias aéreas superiores, que diminuem (hipopneia) ou impedem (apneia) o fluxo de ar. Pode levar a comorbilidades, tais como: hipersonolência diurna, cansaço, distúrbios cognitivos (depressão, dores de cabeça, perda de memória), hipertensão arterial, diabetes, AVC, enfarte agudo do miocárdio, entre outras.

 

Como se diagnostica a SAHOS?
O diagnóstico deve ser clínico, observando as vias aéreas superiores, a cavidade oral (oclusão, bruxismo, posição postural da língua, posição dos dentes…), assim como a história clínica detalhada. O exame complementar que determina o diagnóstico é a polissonografia, que consiste num aparelho utilizado durante a noite, que monitoriza e analisa os diversos parâmetros durante o sono, tais como o fluxo nasal, fluxo oral, a atividade neurológica e muscular.

 

Como se trata a SAHOS?
O tratamento é definido pelo grau de severidade da SAHOS, medida pelo índice de apneia por hora, através da polissonografia. Há uma grande variedade de opções de tratamento, quer invasivas, quer não invasivas, onde se incluem os aparelhos orais.

 

Atualmente, a pressão positiva contínua das vias aéreas através de ventilação não invasiva (VNI) é o tratamento preferencial para a SAHOS, no entanto, a procura de tratamentos diferenciados tem crescido exponencialmente, nomeadamente os aparelhos orais, pois é contestada a tolerância e a aceitação dos doentes em relação à VNI.

 

Durante o sono, a ação dos aparelhos orais resulta na abertura da via aérea superior, através da protrusão da mandíbula e/ou lingual. Os mais utilizados são os aparelhos de avanço mandibular e os de retenção lingual. São assim uma opção terapêutica bem mais tolerada, menos invasiva, mais simples e silenciosa, relativamente às outras alternativas.

 

Estes dispositivos são indicados para o tratamento de doentes com SAHOS leve a moderada. Os resultados indicam que há eficácia clínica dos mesmos, sendo estes mais cómodos e mais económicos, levando a uma maior procura.

 

A preferência pelos aparelhos orais é clara e evidente. Assiste-se, assim, a um crescimento exponencial do número de doentes com SAHOS referenciados para o Médico Dentista. Esta nova realidade representa não só uma nova oportunidade de atuação para o Médico Dentista, mas também um grande desafio. Assim, torna-se imprescindível a interação multidisciplinar entre o Médico Dentista e as demais especialidades da Medicina.