Skip to main content

Bexiga Hiperativa e Toxina Botulínica

publicado em 18 Jan. 2020

A bexiga hiperativa (BH) é um diagnóstico clínico caraterizado pela presença de urgência urinária (vontade súbita de urinar difícil de adiar), que pode estar associada a um aumento do número de micções diárias (frequência) ou noturnas (noctúria), assim como incontinência urinária (perda involuntária de urina). Pode afetar até um terço dos homens e até 40% das mulheres. O diagnóstico consiste na documentação dos sintomas referidos assim como na exclusão de doenças que possam estar a provocar os mesmos.

 

O tratamento de primeira linha consiste em estratégias de alteração comportamental nomeadamente o treino vesical e a gestão de ingestão de líquidos. O tratamento farmacológico pode ser oferecido em segunda linha (antimuscarínicos e agonistas Beta 3). No entanto, numa grande quantidade de casos (em alguns estudos até 40% dos doentes), a resposta às terapêuticas referidas não é satisfatória.

 

Como opção de terceira linha está hoje licenciada na Europa a Toxina Botulínica (Toxina Onabotulínica A), que consiste numa substância que existe na natureza e que é produzida por determinadas bactérias, tendo como efeito principal a paralisia muscular. É utilizada há muitos anos no tratamento de doenças musculares assim como na medicina estética, apresentando a sua aplicação na BH a grande vantagem de ser muito menos invasiva comparativamente às duas alternativas de terceira linha disponíveis e que implicam procedimentos cirúrgicos complexos (cistoplastia de aumento e neuromodulação sagrada).

 

O tratamento consiste na injeção do fármaco na parede interna da bexiga, por via uretral, sendo por isso um procedimento pouco invasivo com a duração aproximada de 10 minutos e com potencial para ser realizado em ambulatório. As complicações são raras e consistem na retenção urinária, presença de sangue na urina e infeção urinária.

 

A sua eficácia a nível da melhoria da qualidade de vida é excelente (em mais de 60% dos casos), havendo uma redução significativa do número de micções diárias e noturno, assim como da urgência miccional e incontinência urinária.

 

Comparativamente com o tratamento tradicional oral de segunda linha, apresenta significativamente maiores taxas de cura. A eficácia não é permanente, sendo que o tempo médio até ser necessário um novo tratamento ronda os 24 meses. Este tratamento traduz-se então numa excelente opção em doentes com franco comprometimento da qualidade de vida e que já experimentaram os tratamentos orais existentes.