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Inovação em Cirurgia Geral: a abordagem laparoscópica

publicado em 15 Fev. 2019

Longínquos vão os tempos em que o lema da cirurgia era “grande incisão, grande cirurgião”. O mundo está em constante mudança e a Medicina não foge a isso.

 

Na Cirurgia Geral, a evolução que se tem observado nos últimos anos não se prende necessariamente com o desenvolvimento de novos procedimentos cirúrgicos, mas sim com a forma de abordar o problema, com particular interesse pelo respeito do corpo do doente, da sua recuperação e da estética.

 

Apenas nos anos 80, começaram- se a realizar as primeiras apendicectomias (remoção do apêndice) e colecistectomias (remoção da vesícula biliar) por laparoscopia.

 

A essência de tratar uma litíase vesicular ou uma hérnia inguinal não mudou, o procedimento é o mesmo que já se faz há muitos anos: colecistectomia e hernioplastia inguinal (reparação da hérnia colocando uma prótese), respetivamente. O que mudou foi a forma de abordar cirurgicamente estes doentes. Atualmente, é impensável na maioria das situações abordar uma litíase vesicular sem pensar na abordagem por laparoscopia e mesmo na hérnia inguinal há evidência crescente dos benefícios para o doente de uma abordagem laparoscópica. Este são apenas dois exemplos da evolução galopante que se tem observado na Cirurgia Geral. Hoje em dia, praticamente todos  os procedimentos que se fazem no tubo digestivo, órgãos abdominais (vesícula biliar, baço, fígado), tireoide e hérnias podem ser feitos por uma abordagem minimamente invasiva (laparoscopia).

 

A própria laparoscopia já evoluiu: a qualidade da imagem e dos materiais utilizados permite realizar procedimentos mais complexos. A minilaparoscopia permite realizar as cirurgias deixando cicatrizes cada vez menores e a abordagem por um único local (cirurgia de porta única) e realizada por orifícios naturais (NOTES – Natural orifice transluminal endoscopic surgery) praticamente aboliu a cicatriz cirúrgica. A junção da robótica à abordagem laparoscópica veio aumentar a precisão dos procedimentos que podem ser realizados pelo cirurgião.

 

Mas não é só através da laparoscopia que a Cirurgia Geral tem evoluído. Existem novas técnicas para a resolução de diversas patologias com uma recuperação quase imediata do doente, como por exemplo a aplicação de laser nas hemorroidas, fístulas perianais e quistos sacrococcígeos.

 

Para além disto, os cirurgiões começam a reconhecer a importância da preservação do órgão, sem prejudicar os resultados oncológicos, no tratamento de algumas doenças. O paradigma do tratamento do cancro do reto mudou radicalmente com a abordagem Watch and Wait que permite, com segurança, não operar alguns doentes com cancro do reto, evitando assim as complicações e riscos inerentes a uma cirurgia. Mais recentemente estão a desenvolver-se cirurgias cooperativas em conjunto com a Gastroenterologia para tratamento de algumas doenças pré-malignas e malignas em fase inicial do tubo digestivo e evitar assim a remoção completa do órgão (como por exemplo o procedimento CLEAN-NET).

 

Assim, o Cirurgião Geral atual tem de abraçar e procurar, de forma consciente, a inovação constante para oferecer o melhor tratamento à pessoa que o procura. E é por isto que o grupo de Cirurgiões Gerais do Trofa Saúde Hospital é pioneiro em abordagens inovadoras no tratamento dos doentes, apresentando inúmeros vídeos e publicações internacionais que refletem esta forma de abordar cada pessoa e cada doença.