O carcinoma da próstata, como o tumor mais prevalente no Homem e a segunda causa de morte por neoplasia, representa um problema de saúde pública que tem mobilizado importantes recursos, quer para a investigação, quer para o tratamento.
A sua deteção cada vez mais precoce e as complicações associadas a outras terapêuticas mais estabelecidas, levou ao desenvolvimento de técnicas menos invasivas, como a braquiterapia. Trata-se de uma forma de tratamento do adenocarcinoma da próstata baseada no efeito terapêutico de radioisótopos na lesão a tratar. Apresenta-se como uma técnica minimamente invasiva, com taxa de sucesso de cerca de 90% e que consiste na inserção local, sob controlo ecográfico, de pequenas fontes radioativas (sementes).
Este tratamento é realizado por uma equipa multidisciplinar, com recurso a um sistema computorizado com um software específico para o procedimento. Como a implantação das sementes é realizada no interior da próstata vai permitir que a dose de radiação libertada fique aí confinada. Desta forma, o tumor fica exposto a altas doses de radiação, permitindo eliminar as células cancerígenas e preservando as células saudáveis dos tecidos circundantes.
É uma técnica muito simples, realizada numa única sessão, sem necessidade de incisão cirúrgica e realizada sob o efeito de anestesia geral ou loco-regional. O doente no dia seguinte ao tratamento pode retomar a sua vida normal de forma quase imediata.
A seleção de doentes para este tratamento é criteriosa, sendo a braquiterapia uma alternativa aos tratamentos clássicos nos doentes com cancro da próstata localizado e de baixo ou médio risco. Apresenta limitações em relação aos doentes com próstatas volumosas ou submetidos a cirurgias prostáticas prévias. É uma técnica com elevada eficácia e com menor incidência de efeitos secundários para o doente, nomeadamente, o risco de disfunção erétil e incontinência urinária. A braquiterapia permite, desta forma, tratar agressivamente o tumor, de modo minimamente invasivo, com pouca interferência na atividade dos doentes, mantendo uma muito alta qualidade de vida.
Apesar de em Portugal a braquiterapia não estar disponível em todos os hospitais, o Trofa Saúde Hospital em Braga Centro (uma unidade Trofa Saúde Hospital), por forma a dar resposta a todo o tipo de solicitações dos seus doentes e dando continuidade à diferenciação do serviço de Urologia, realizou no passado dia 7 Julho os primeiros tratamentos de braquiterapia, sendo pioneiro na região do Minho.
