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Esporões do Calcâneo e Tendinite do Aquiles

publicado em 05 Fev. 2020

Embora estes dois temas sejam muitas vezes tratados de forma isolada e distinta, eles podem estar relacionados.

 

Dentro da consulta de Ortopedia geral, é na Unidade de patologia do Pé e Tornozelo que estes temas são abordados de uma forma mais correta e diferenciada, para tratar melhor cada doente, na sua individualidade.

 

Quer a fasceíte plantar, quer a entesopatia calcificada insercional do tendão de Aquiles ou a tendinite/tendinose pura do Aquiles são patologias muito comuns da nossa sociedade, que podem cursar ou não, com o aparecimento de esporões ósseos na região do retropé (calcanhar).

 

Apesar de em alguns doentes os esporões serem perfeitamente assintomáticos, estas patologias causam, muitas vezes, dor intensa e tornam-se incapacitantes, devendo os doentes procurar ajuda em consulta Especializada do Pé e Tornozelo.

 

Existem, contudo, alguns mitos associados a estas patologias, como “não há nada a fazer, é sofrer”, sendo estas afirmações totalmente falsas.

 

Em relação à fasceíte plantar (que poderá ter ou não esporões plantares presentes), esta ocorre devido à inflamação crónica associada ao processo degenerativo da origem da fáscia plantar. A infiltração, processo que consiste em injetar corticoide (anti-inflamatório potente) associado a anestésico local, resolve cerca de 70% das situações de dor. Trata-se de uma injeção apenas, com dor semelhante a fazer uma vacina. Quando o tratamento conservador falha (nomeadamente a fisioterapia para alongamento da cadeia posterior ou miofascial, com ou sem o recurso a ondas de choque), poder-se-á proceder à aplicação de fatores de crescimento (PRP – plasma rico em plaquetas). Estas injeções são muito utilizadas em contexto de Medicina Desportiva, em atletas, mas também na população geral tem taxas de sucesso muito aceitáveis, dependendo da especificidade da patologia a tratar em cada doente.

 

Nos casos em que, apesar dos tratamentos, a dor persiste, com dificuldade ao caminhar e condicionamentos/conflito com o calçado, opta-se pelo tratamento cirúrgico.

 

Atualmente, com as técnicas mais modernas e atuais, os procedimentos são feitos de forma mini-invasiva. Enquanto a fasceíte plantar se poderá resolver de forma definitiva com cirurgia percutânea – apenas um pequeno furo sem levar pontos, na tendinite/ tendinose do tendão de Aquiles ou na deformidade de Haglund, a abordagem é realizada por técnicas endoscópicas.

 

Com o desenvolvimento das mais recentes técnicas cirúrgicas, menos invasivas, muitas vezes realizadas em regime de ambulatório, é permitido ao doente uma rápida recuperação tanto para o dia a dia, como para um mais célere regresso à atividade desportiva (recreativa ou de competição). Na maior parte dos casos, apesar do local anatómico a operar ser o pé/tornozelo, é permitido ao doente caminhar de forma autónoma (com uso de canadianas) no próprio dia em que realiza o procedimento cirúrgico, saindo do Hospital pelo seu próprio pé.