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Aloe vera previne o cancro e ajuda no tratamento?

publicado em 06 Set. 2025

É verdade que a aloe vera previne e ajuda a tratar o cancro?

Não existe evidência que comprove que a aloe vera previne ou trata o cancro. Aliás, tal como se sublinha nos sites de várias instituições de saúde internacionais – como o Cancer Council, o Cancer Research UK e o Instituto Nacional do Cancro dos Estados Unidos (NCI, na sigla inglesa) – não há nenhum alimento, suplemento ou bebida que tenha a capacidade de prevenir ou tratar a doença oncológica.

 

Esta planta tem alguns compostos com efeito antioxidante e anti-inflamatório, tal como muitos alimentos presentes na roda dos alimentos da dieta mediterrânica. Além disso, existem algumas pesquisas in vitro [em células] e animais que sugerem que alguns compostos presentes na aloe vera podem ter propriedades anticancerígenas.

 

Num texto do Cancer Research UK, refere-se ainda que “vários estudos” analisaram um composto da aloe vera “chamado aloe emodin” e sugeriram que este composto pode “bloquear o crescimento de algumas células cancerígenas”. No entanto, são necessários mais estudos para obter conclusões robustas, porque estes resultados só se verificaram em células e animais.

 

A aloe vera consegue prevenir e ajudar a tratar o cancro é enganoso e pode ter efeitos prejudiciais. São necessários ensaios clínicos em humanos, rigorosos e bem controlados, para confirmar qualquer benefício real, não sendo possível afirmar que a aloe vera “é ‘anti-cancro’ só por ter estes compostos” com efeito antioxidante e anti-inflamatório.

 

O que se sabe é que a alimentação, num todo, pode ter um impacto positivo na prevenção e no tratamento do cancro. Uma alimentação saudável tem um efeito importante na prevenção de vários tipos de cancro. Isto traduz-se, sobretudo, numa dieta rica em hortofrutícolas, cereais integrais, fontes de proteína saudáveis (como o frango, o peixe e as leguminosas) e pobre em álcool, carne vermelha e processada e alimentos ricos em gordura, açúcar e sal.

 

Após o diagnóstico da doença, a alimentação auxilia no controlo dos sintomas, otimiza aportes de nutrientes vitais ao adequado funcionamento do organismo e coadjuva a eficácia da terapêutica anticancerígena em curso, além de contribuir para a melhoria da qualidade de vida.

Quais os riscos associados à ingestão de aloe vera?

Além de não haver provas de que a aloe vera é eficaz na prevenção e no tratamento do cancro, o consumo desta planta pode ter riscos para a saúde.  Aliás, a Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC, na sigla inglesa) da Organização Mundial de Saúde classificou o extrato de folha inteira de aloe vera como possivelmente cancerígeno para os seres humanos, inserindo-o no grupo 2B do seu sistema de classificação.

 

No texto do Cancer Research UK refere-se que “a ingestão de aloe vera na forma líquida ou em cápsulas causa efeitos secundários em algumas pessoas”. O consumo de aloe vera pode causar, sobretudo, “diarreia”, indisposição, “erupção cutânea” e “dores de estômago”, aponta-se no mesmo texto.

 

Além disso, há a possibilidade de esta planta causar efeitos secundários mais graves, como inflamação do fígado (hepatite), problemas de coagulação e níveis baixos de potássio no sangue. Qualquer pretensão de toma de suplementação, mesmo que seja de base ‘natural’”, durante o tratamento do cancro, deverá ser comunicada ao médico oncologista.

 

Além de o consumo de aloe vera poder causar efeitos adversos, como “diarreia, cólicas, e toxicidade hepática”, poderá até interferir com a ação de alguns fármacos utilizados em oncologia.

Entrevista in Viral Check 28/08/2025