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Em que consiste o acompanhamento psicológico na abordagem psicanalítica?

publicado em 01 Dez. 2023

Na psicanálise, não importa apenas os critérios de diagnóstico do DSM-V, como também todo o contexto envolvente que leva a comportamentos autolesivos, que causem angústia e sofrimento ou que afetem a vida da pessoa de alguma forma.

 

Na visão da clínica psicanalítica, as patologias desenvolvem-se originalmente devido a falhas nas relações precoces sejam com os nossos pais, ou com os cuidadores que marcaram a nossa infância, e a razão e problemática trazida a consulta pela pessoa muitas vezes é apenas o sintoma de algo que já precisa de ser analisado e trabalhado há algum tempo na vida de quem procura ajuda psicológica.

 

Seja por razões de trauma, infância marcada por ausência ou excesso de presença, seja por outros eventos de que alguma forma possam ter impactado o desenvolvimento da personalidade da pessoa, e que muitas vezes se manifestam em maior intensidade na idade adulta.

 

Muitas vezes o próprio sintoma surge como uma demanda de pedido de socorro, que ao não ser vista como tal, pode tomar rumos muito patológicos e cíclicos. Nesta visão, não importa apenas combater o sintoma ou a queixa trazida em consulta, pois poderemos cair no erro de anular um escape ao qual a pessoa se agarra para lidar com a angústia e sentimento de vazio, e cair assim num quadro de depressão. Por exemplo, se eu opto por eliminar na totalidade comportamentos de compulsão alimentar, sem entender a sua razão, que função está ela a ter na vida da pessoa, o que a pessoa está a tentar anular sentir ao procurar refúgio na comida, provavelmente eu posso conseguir amenizar essa problemática utilizando algumas técnicas práticas, mas se apenas me focar nelas, a probabilidade do sintoma retomar ou de surgir um novo, de forma a substituir e a compensar o problema que no fundo lá continua é muito grande. Não basta tratar o sintoma, é necessário procurar a raiz do problema.

 

Deste modo, este tipo de intervenção permite trabalhar, analisar e aprofundar várias problemáticas psicológicas através de uma análise global da vida da pessoa, do seu contexto passado e presente, qual a ligação entre o passado e o presente. Desta forma, permite-se trabalhar o autoconhecimento tornando a pessoa consciente dos seus próprios comportamentos, de onde podem ser originários, de aceitar o que é possível aceitar, e de dar um novo dar um novo significado ao trauma, assim como trabalhar a causa do sintoma através da própria relação psicoterapêutica. Aí sim, o sintoma poderá se amenizado sem necessidade de um outro para substituir a angústia e o sofrimento.