Segundo o Dicionário Terminológico de Terapia da Fala da Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala, esta é a atividade exercida pelo “profissional com cédula profissional responsável pela prevenção, avaliação, intervenção e estudo científico das perturbações da comunicação humana. A sua atuação engloba não só todas as funções associadas à compreensão e expressão da linguagem oral e escrita, mas também outras formas de comunicação não-verbal. Este intervém ainda ao nível da deglutição (passagem segura de alimentos e bebidas através da orofaringe, de forma a garantir uma nutrição adequada). O Terapeuta da Fala intervém em todos os ciclos de vida, desenvolvendo as suas funções de forma direta com o indivíduo que tem alguma redução de funcionalidade na comunicação e/ou deglutição, bem como de forma indireta (no ambiente).”
Mas a Terapia da Fala é na verdade muito mais do que isto. O objetivo principal é sempre o impacto que a melhoria/ aprimoramento das capacidades comunicativas ou de deglutição terá na qualidade de vida do indivíduo. Sendo a deglutição uma das funções básicas mais importantes do corpo humano, uma vez que é ela que permite alimentarmo-nos, é essencial para todos poderem fazê-lo da forma mais adequada possível, e é aí que entra o trabalho do Terapeuta da Fala, no treino das competências e reforço da musculatura orofacial.
Ao nível da comunicação, a área de intervenção desta valência é extremamente abrangente, desde as típicas dificuldades das crianças em dizer corretamente alguns sons, dificuldades em falar ou estabelecer comunicação, associadas a patologias como a perturbação do espetro do autismo ou a paralisia cerebral, dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita, alterações da fluência como a gaguez, passando pelas rouquidões prolongadas, muito frequentes em profissionais que usam constantemente a sua voz, dificuldades de comunicação adquiridas por adultos após acidentes vasculares cerebrais ou outros traumatismos e até alterações da motricidade da língua e lábios, que podem chegar a influenciar a posição dos dentes.
Tendo ou não padecido de alguma destas dificuldades, é fácil perceber o porquê desta área de intervenção terapêutica ser tão importante para a qualidade de vida dos indivíduos e o impacto positivo que pode ter na mesma. A comunicação é essencial para a nossa convivência com os outros e para a interação com o mundo. Consequentemente as dificuldades em fazê-lo de forma efetiva, independentemente da sua origem, podem influenciar a autonomia e o bem-estar mental do indivíduo, e cabe ao Terapeuta da Fala ajudá-lo a superar estas dificuldades e a otimizar a sua integração como ser comunicativo. Devido a isto, a Terapia da Fala é transversal a todas as áreas da vida e é muito mais do que a sua própria definição.
