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A depressão no idoso: uma abordagem atual

publicado em 24 Jul. 2020

A depressão é a perturbação afetiva mais usual no idoso e uma das principais causas de consulta médica apesar de, com frequência, passar despercebida.

 

A depressão no idoso, frequentemente, não é diagnosticada pela falsa crença de que a tristeza e a depressão são partes naturais do envelhecimento. A depressão faz diminuir de forma relevante a qualidade de vida do idoso e pode provocar-lhe incapacidade. Por isso, o diagnóstico e o tratamento da depressão são de grande importância.

 

Os maiores fatores de risco são: sofrer de doença crónica ou de doença cerebral, incapacidade funcional e deficiência sensorial, défices cognitivos, insónia, isolamento e solidão, acontecimentos causadores de stress na vida, consumo de álcool ou drogas, nível socioeconómico baixo e escasso apoio social.

 

A apresentação clínica da depressão nesta faixa etária é, regularmente, atípica. Por norma, existe uma menor verbalização de sintomas relativos à “tristeza” ou “depressão” e é mais comum a apresentação de sintomas somáticos, acompanhados frequentemente de sintomas hipocondríacos, bem como sintomas motores (retardo ou agitação) e a diminuição do apetite com consequente emagrecimento.

 

Estes doentes apresentam uma maior frequência de sinais de deterioração cognitiva, que nos casos graves, pode confundir-se com uma demência. Finalmente, neste tipo de depressão são mais habituais as ideias de culpa e as ideias de morte, às vezes acompanhadas de ideação suicida.

 

As taxas de suicídio são mais altas nos idosos com depressão. Esta taxa duplica-se a partir dos 65 anos e após os 85 anos de idade, as taxas de suicídio são cinco vezes mais altas do que na população geral.

 

O tratamento deve estar dirigido à prevenção da perda de funcionalidade e do risco de suicídio, à redução dos sintomas depressivos, à prevenção das recaídas, à melhoria da função cognitiva e à adaptação aos fatores de stress psicossocial. O tratamento da depressão no idoso inclui o tratamento farmacológico com antidepressivos, a psicoterapia, a eletroconvulsivoterapia, a estimulação magnética transcraniana e outros tratamentos complementares como o exercício físico, o ioga, uma boa alimentação, as atividades lúdicas e as interações sociais.

 

Os antidepressivos são o principal tratamento.

 

A psicoterapia pode, também, ser um tratamento eficaz para a depressão. Ajuda a ensinar novas formas de pensar e de se comportar e a mudar hábitos.

 

A terapia electroconvulsiva utiliza-se, por vezes, na depressão grave resistente aos fármacos ou à psicoterapia. Está também indicada em situações de depressão grave com risco de vida ou risco de suicídio significativo.

 

Esta diversidade de tratamentos, nos dias de hoje, abre um caminho de esperança no tratamento da depressão no idoso.