A otite média aguda (OMA) é uma das doenças inflamatórias mais comuns da infância, que habitualmente complica infeções do trato respiratório superior.
Cerca de 85% das crianças vai ter pelo menos um episódio de OMA até aos 3 anos de vida. Nos primeiros 3 anos de vida uma criança tem em média 5 infeções respiratórias superiores/ ano e cerca de 2 OMA/ano. Isto deve-se por um lado à imaturidade do sistema de defesas, mas também ao facto de as crianças pequenas terem uma trompa de Eustáquio (comunicação entre o ouvido e nariz) mais horizontal, e como nesta idade as crianças passam mais tempo deitadas, facilitam a passagem de secreções nasais para o ouvido.
Na maioria dos casos a OMA é precedida por uma infeção vírica do trato respiratório superior, que levam ao acumular de secreções na região posterior do nariz, à diminuição da ventilação do ouvido médio e à migração de patogéneos para a cavidade timpânica.
Os principais fatores de risco são: infantário, exposição ao fumo de tabaco, amamentação materna inferior a 6 meses, hipertrofia de adenóides e baixo estrato socioeconómico.
Os principais sintomas são: início abrupto de dor de ouvido, febre, irritabilidade e por vezes saída de pús pelo ouvido. O diagnóstico é estabelecido por otoscopia ou microscopia na observação médica.
A OMA tem origem bacteriana em cerca de 70% dos casos e é a 3ª causa mais comum para a prescrição de antibióticos na infância. No entanto, o antibiótico só deve ser prescrito de acordo com a gravidade clínica e a idade, pois nem sempre é necessário. Nas crianças com mais de 3 anos de idade e com sintomas ligeiros, podemos optar por um período de vigilância até 72h.
A principal complicação da OMA é a otomastoidite, corresponde à extensão da infeção para a mastoide (cavidade que faz parte do ouvido médio e faz fronteira com a base do crânio), exige internamento e eventualmente cirurgia de urgência.
As crianças devem ser reavaliadas após o período infecioso pois cerca de 70% mantêm líquido inflamatório/mucosidade no ouvido (otite média com efusão) 2 semanas após a otite aguda, 40% mantem efusão 1 mês após a OMA e 1 em cada 4 crianças mantem efusão 3 meses após o processo agudo. A efusão provoca perda auditiva de condução (o líquido impede a transmissão do som) e pode ser responsável por atraso no desenvolvimento da linguagem.
As principais medidas de prevenção para evitar OMA são: vacinação anti-pneumocócica e anti-influenza, amamentação materna prolongada, lavagens nasais frequentes, retirar a chupeta após os 12 meses de vida, preferência por infantários com turmas pequenas e evitar a exposição ao tabaco. Apenas devemos considerar a cirurgia quando a terapêutica médica e as medidas preventivas falharem.
Se o seu filho apresenta os sintomas referidos, não hesite em agendar uma consulta com um Otorrinolaringologista.