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Hipertensão e importância do seu correto diagnóstico

publicado em 27 Fev. 2017

As doenças cardiovasculares (DCV) são, em Portugal, a principal causa de morte, sendo responsáveis por praticamente um terço do total de óbitos ocorridos. Dentro destas, destacam-se o acidente vascular cerebral (AVC) e o enfarte agudo do miocárdio (EAM).

 

Existem vários fatores de risco para estas doenças, dos quais se destacam: excesso de peso/obesidade, tabagismo, sedentarismo, dislipidemia (colesterol elevado), diabetes, stress e hipertensão arterial (HTA). De acordo com um estudo realizado em Portugal, 21% da população residente tem excesso de peso e 16% são obesos, 20% são fumadores e 42% têm HTA. Esta última e?, portanto, o fator de risco cardiovascular mais prevalente na população portuguesa, nomeadamente devido ao excesso de consumo de sal verificado na nossa dieta.

 

A HTA é assim reconhecida como uma doença crónica, um problema de saúde pública que muitas vezes necessita da terapêutica e vigilância continuada, ao longo de toda a vida do doente. Por consequência, apesar de ser simples o seu diagnóstico, este deve obedecer a um processo criterioso e rigoroso de avaliação, diagnóstico e tratamento, no sentido de otimizar os recursos disponíveis e maximizar os ganhos em saúde do correto tratamento desta doença.

 

Atualmente sabe-se que a medição da pressão arterial no consultório tem várias limitações, pelo contexto artificial e fora da rotina diária do paciente, próprio de uma consulta. Este facto pode levar muitas vezes a um diagnóstico incorreto de HTA, devido a um fenómeno conhecido por “hipertensão da bata branca” em que o doente apresenta valores elevados na consulta médica, mas valores normais no seu dia-a-dia.

 

Como tal, nos últimos anos a monitorização em ambulatório da pressão arterial, ao longo de 24h (MAPA), mostrou muitas vantagens quando comparada com a medição no consultório: permite avaliar a pressão arterial do indivíduo ao longo de um dia normal, identificando o “hipertenso da bata branca” que pode não necessitar de tratamento, mas apenas de vigilância com realização de MAPA anualmente; compila múltiplas avaliações ao longo da atividade diária do doente, incluindo durante o sono, permitindo caracterizar o perfil tensional do doente, nomeadamente a descida tensional noturna e a elevação matinal, informação útil na decisão terapêutica e prognóstico de cada doente; ao apresentar um protocolo definido permite homogeneizar a técnica de diagnóstico de HTA. Assim, por todos estes motivos, o MAPA deve ser ponderado como um instrumento importante em todos os novos diagnósticos de hipertensão.

 

Este exame, simples de realizar, é de acesso algo limitado através do Serviço Nacional de Saúde, uma vez que só está acessível com comparticipação (na grande maioria dos casos) nos hospitais e não através dos Centros de Saúde e respetivos Médicos de Família. No entanto, está disponível no Trofa Saúde Hospital, pelo que poderá abordar a pertinência da sua realização com o seu médico assistente nestas unidades, nomeadamente nas especialidades de Medicina Geral e Familiar, Medicina Interna ou Cardiologia.