Skip to main content

Síndrome da apneia obstrutiva do sono: o que é, como diagnosticar e tratar?

publicado em 08 Abr. 2025

Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS): o que é?

A Síndrome da apneia obstrutiva do sono consiste na obstrução da via aérea superior durante o sono pelo colapso da língua e palato mole contra a parede posterior da garganta, provocando paragens respiratórias durante pelo menos 10 segundos. É uma doença cada vez mais frequente afetando 30% da população. Pode atingir até 50% nos homens e 23% nas mulheres.

Quais são os fatores de risco da Síndrome da apneia obstrutiva do sono?

A obesidade é um importante fator e o mais comum, encontrando-se em cerca de 60% a 90% dos doentes. Outros fatores são o sexo masculino, idade avançada, menopausa e determinadas alterações anatómicas craniofaciais, como o queixo e a mandíbula mais recuados, ou alteração do maxilar. Há também o fator hereditário.

Quais são os sintomas da Síndrome da apneia obstrutiva do sono?

Frequentemente é a companheira ou o companheiro que se apercebe dos sintomas, como a roncopatia (ressonar) e as paragens respiratórias durante o sono, mais frequentes no homem. Quando é o próprio doente a ser questionado, refere sensação recorrente de asfixia/engasgamento no sono, sonolência diurna excessiva, acordar cansado e nictúria (urinar várias vezes durante o sono). Na mulher, os sintomas podem ser mais vagos, como fadiga diurna, dores de cabeça matinais e dificuldades de memória e de concentração. No entanto, há casos de doentes com Síndrome da apneia obstrutiva do sono grave sem sintomas.

Quais são as consequências da Síndrome da apneia obstrutiva do sono?

A Síndrome da apneia obstrutiva do sono resulta num sono fragmentado e não reparador, desencadeando sonolência diurna excessiva que pode afetar, por exemplo, a atividade profissional e a condução. Isto aumenta a probabilidade de ocorrência de acidentes laborais e de viação. Verifica-se também descida dos níveis de oxigénio no sangue que as paragens respiratórias acarretam, atingindo vários órgãos do corpo, principalmente o cérebro. Tudo associado tem como consequências doenças cardiovasculares, tais como a hipertensão arterial (HTA) em cerca de 80% dos doentes, o enfarte agudo do miocárdio, arritmias, insuficiência cardíaca, para além de doenças cerebrovasculares, como o acidente vascular cerebral (AVC). Se a Síndrome da apneia obstrutiva do sono não for tratada nestes doentes, o risco de mortalidade é mais elevado. Há ainda risco de ansiedade, depressão e disfunção sexual.

Como diagnosticar a Síndrome da apneia obstrutiva do sono?

É necessário fazer um estudo do sono, ou seja, uma polissonografia, que pode ser feita num laboratório do sono, ou no domicílio, conforme indicação médica. Trata-se de um exame realizado numa noite de sono e que regista a respiração, o ritmo cardíaco, a roncopatia e os níveis de oxigénio no sangue. De forma mais completa, pode ainda avaliar todas as fases do sono, a qualidade do sono e movimentos corporais. Permite classificar a gravidade de acordo com o número de paragens respiratórias.

Como tratar a Síndrome da apneia obstrutiva do sono?

Deve ser tratada de acordo com a gravidade da doença e também na presença de patologia cardiovascular, patologia cerebrovascular ou sonolência diurna excessiva. O tratamento da Síndrome da apneia obstrutiva do sono moderada a grave passa pelo uso de um ventilador gerador de pressão positiva de ar durante o sono (AutoCPAP ou CPAP) ligado a uma máscara, que impede a obstrução da via aérea superior. Permite a avaliação da eficácia por telemonitorização.

 

Os casos de menor gravidade, e devidamente selecionados, têm outras opções de tratamento. Por exemplo, os doentes que têm Síndrome da apneia obstrutiva do sono maioritariamente na posição de decúbito dorsal (dormir de barriga para cima) – Apneia do sono posicional – podem optar por medidas posturais no sono. Uma destas medidas consiste em dormir com um dispositivo eletrónico que emite uma vibração quando o corpo está em decúbito dorsal, estimulando assim uma mudança de posição.

 

Outra opção passa pelo uso de um dispositivo oral de avanço mandibular durante o sono, que aumenta o espaço da via aérea superior ao nível da garganta, permitindo a passagem contínua de ar.

 

Em doentes sem excesso de peso, há também a opção de tratamento de cirurgia de Otorrinolaringologia quando as alterações anatómicas assim o justificam, como por exemplo, amígdalas muito grandes. Outra modalidade cirúrgica terapêutica é a cirurgia maxilo-facial em casos específicos de alterações anatómicas craniofaciais.

 

No caso de doentes com Síndrome da apneia obstrutiva do sono sem indicação formal para tratamento, devem ser corrigidos os fatores de risco, como o excesso de peso e tabagismo. Deve-se também evitar ingerir álcool e refeições pesadas quatro horas antes de dormir e promover a prática de exercício físico.