Há casos de baixa visual importante e até cegueira que podem ser minimizados e até evitados. A retinopatia diabética (RD) e a degenerescência macular da idade (DMI), são grandes patologias da retina, responsáveis, entre outras, por aquelas perdas visuais, mas só evitáveis se diagnosticadas e tratadas atempadamente.
A retinopatia diabética, um verdadeiro problema de saúde pública, é a complicação da diabetes mais frequente a nível ocular. É a principal causa de cegueira entra os 20 e os 65 anos. A degenerescência macular da idade é uma doença da área central da retina (mácula) que provoca uma perda da visão central. É a causa mais comum de perda de visão nas pessoas acima de 55 anos.
A incidência e a prevalência da retinopatia diabética e da degenerescência macular da idade têm vindo a aumentar. O aumento do número de diabéticos, que em Portugal já serão 1.003.000, o envelhecimento geral da população, o aumento dos fatores de risco e a melhoria do diagnóstico, são apontados como causas.
De uma forma incontroversa considera-se a idade e história familiar, como fatores de risco para a DMI. A carência em vitaminas e oligoelementos, exposição intensa à luz solar e radiação ultravioleta, hipertensão arterial e arteriosclerose, podem igualmente ser considerados, mas com menor relevância. O tabagismo agrava drasticamente ambas as doenças. As causas para o aumento da diabetes e suas complicações são bem conhecidas, sendo o sedentarismo e os erros alimentares as principais.
Sendo a retina um órgão constituído essencialmente por células nervosas, sem possibilidade de se regenerar, prevenir a sua deterioração é fundamental. Assim na prevenção de ambas as patologias é importante manter uma alimentação cuidada, sendo o controlo da glicemia crítico para a prevenção da retinopatia diabética, bem como o controlo de co-morbilidades como a hipertensão e a dislipidémia. Na prevenção da DMI é igualmente importante a proteção da luz solar intensa e radiação ultravioleta, a suplementação com vitaminas C e E, betacaroteno, Zinco e Cobre, xantofilas (luteína/zeaxantina) e ácidos gordos ?-3.
Mas prevenir pode não ser suficiente. A monitorização sistemática dos diabéticos para identificação da RD e dos idosos a DMI, é muito importante para que o tratamento seja efetuado o mais rápido possível. Estas duas patologias sendo tão diferentes, originam no entanto duas complicações causadoras de todos os problemas visuais: A neovascularização e o edema da retina. Controlar estas duas complicações, é a chave para o tratamento destas duas graves patologias. Até 2004 os recursos terapêuticos eram limitados, sendo o Laser dos mais importantes. Daí para cá os anti-angiogénicos, nomeadamente o Ranibizumab e mais recentemente o Aflibercept, vieram revolucionar o tratamento da DMI exsudativa e da retinopatia diabética, transformando estas doenças fatais em patologias tratáveis, se aplicados corretamente e em tempo útil.
Realço que um bom controlo, prevenção atenta, diagnóstico precoce e tratamento atempado, são a chave para o êxito.
