A otoplastia é a cirurgia utilizada para correção de deformidades do pavilhão auricular, sendo uma das principais indicações a correção das orelhas em abano. Os seus principais fundamentos são restaurar a normal configuração e posição do pavilhão auricular de forma simétrica e natural. Pode ser realizada através de anestesia local, sedação ou anestesia geral, sendo um procedimento seguro, eficaz e geralmente associado a elevado grau de satisfação.
As orelhas aladas constituem a deformidade congénita mais comum do ouvido externo, tendo uma ocorrência estimada de 5% na população caucasiana. A forma de transmissão é autossómica dominante.
As duas principais alterações anatómicas encontradas a nível do pavilhão auricular são a ausência de definição da antihélix e o excesso de cartilagem da concha, que podem ocorrer tanto isoladas como associadamente. Apesar de estas alterações não terem repercussões funcionais, são muitas vezes um fator de stress e de experiências psicossociais negativas, tanto na idade adulta como na infância. Vários estudos mostram que na infância, sobretudo na idade escolar, são comumente causa de gozo e bullying por parte dos pares, podendo levar à diminuição da confiança, isolamento social e pior rendimento escolar (1). Na idade adulta, as orelhas aladas estão também associadas a descontentamento, diminuição da autoestima e da autoconfiança, tanto no género masculino como feminino. A correção das orelhas aladas poderá ultrapassar estes obstáculos, levando a um incremento da autoestima, aceitação pessoal e integração social, independentemente da idade ou do género.
O conhecimento dos marcos anatómicos do pavilhão auricular é crucial para o planeamento pré-operatório. Associadamente é realizada uma avaliação minuciosa e individualizada das caraterísticas de cada indivíduo, tais como a idade, espessura cutânea, consistência da cartilagem, possíveis assimetrias existentes, entre outros.
Após esta análise detalhada, são identificados os principais defeitos a corrigir e realizada a seleção das técnicas cirúrgicas a utilizar. É ainda realizada fotocumentação pré-operatória nos planos preconizados (frontal, posterior e individual de cada pavilhão auricular) com os objetivos de programação do procedimento cirúrgico e confrontação pós-operatória.
Existem várias técnicas cirúrgicas que podem englobar a sutura, moldagem ou excisão de cartilagem e pele, podendo ser utilizadas de forma isolada ou em associação. As técnicas de Mustardé e Furnas são as mais utilizadas, consistindo em técnicas simples, seguras e conservadoras que envolvem essencialmente a moldagem e sutura permanente da cartilagem.
Se tem as orelhas aladas e gostaria de as corrigir, não tenha receio. A otoplastia é um procedimento simples, de baixo risco, praticamente sem dor ou morbilidade pós-operatória, podendo ser realizado de forma minimamente invasiva e sem necessidade de anestesia geral.
Referências:
(1) Silva, D. P., Lima, A., Costa, I., Vilarinho, S., & Dias, L. (2018). Efeito da otoplastia na saúde e qualidade de vida das crianças. Revista Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, 55(4), 193-197. https://doi.org/10.34631/sporl.714.
