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Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono

publicado em 09 Set. 2019

Definição e classificação de gravidade
Define-se o Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) como episódios recorrentes de limitação total (apneia) ou parcial (hipopneia) do fluxo aéreo das vias aéreas superiores durante o sono.
A sua quantificação baseia-se geralmente no índice de apneia-hipopneia (IAH) que seria o somatório das apneias e hipopneias dividido pelo número de horas de sono. A classificação de gravidade é estabelecida mediante o IAH: SAOS leve – IAH 5-14.9; SAOS moderado – IAH 15 29.9; SAOS grave – IAH > 30.

 

Epidemiologia
A prevalência do SAOS não está bem caracterizada e pode ser muito variada de acordo com diferentes estudos, sendo que se estima que poderá ir de 3 a 28%.

 

Fatores de risco
Os principais fatores de risco para padecer de SAOS são a obesidade, a idade (maior risco a maior idade) e o sexo masculino. Outros fatores importantes são o tabaco, o álcool, medicações sedantes e relaxantes musculares e a posição supina (barriga para cima).

 

Sinais e sintomas
A tríada clássica associada ao SAOS consiste em ressonar de maneira importante, pausas respiratórias observadas pelo companheiro/a e a sonolência diurna excessiva. Para além destes sintomas podem existir também sensação de sono pouco reparador, despertares noturnos com sensação de asfixia, sono agitado, cefaleias matinais, irritabilidade, dificuldade na concentração e depressão entre outros.

 

Consequências
A sonolência diurna excessiva é a consequência mais reconhecida e pode-se afirmar que estes doentes têm pior qualidade de vida em relação a pessoas sem SAOS. Demonstrou-se também que os condutores com SAOS têm 3 a 7 vezes maior probabilidade de sofrer um acidente de viação por adormecimento ao volante que a população geral.
A Hipertensão Arterial é a consequência cardiovascular mais aceite estando já incluída em algumas normas de abordagem diagnóstica desta patologia.
Verificou-se também que a prevalência de SAOS é elevada em doentes que sofreram um AVC, com cardiopatia isquémica e com transtornos do ritmo cardíaco.

 

Diagnóstico
O diagnóstico de SAOS pode estabelecer-se através da realização de uma polissonografia ou uma poligrafia cardiorrespiratória.
A polissonografia é um exame mais completo que mede diversos parâmetros neurofisiológicos e respiratórios e que se realiza num laboratório de sono sendo o método de referência para o diagnóstico de SAOS. A poligrafia cardiorrespiratória mede apenas parâmetros cardiorrespiratórios, mas realizasse no domicílio do doente com um aparelho portátil, sendo mais representativo do sono real ainda que tenha outros inconvenientes, como subestimar geralmente o IAH e não permitir avaliar a estrutura e qualidade do sono.

 

Tratamento
Recomenda-se a todos os doentes com um diagnóstico de SAOS, independentemente da gravidade, medidas gerais como a perda de peso, boa higiene do sono (dormir sempre um mínimo de 6 horas, deitar e levantar sempre à mesma hora, evitar refeições pesadas e álcool à noite, etc.), cessação tabágica, evitar medicação sedante, entre outros.
Por outro lado, o tratamento de eleição em doentes com SAOS graves e/ou sintomáticos consiste numa pressão positiva na via aérea (CPAP, AutoCPAP…) sob a forma de um aparelho e máscara que se usam durante o sono.
Outros tratamentos disponíveis seriam o dispositivo de avanço mandibular (uma prótese que avança a mandíbula durante o sono) e o tratamento cirúrgico em casos selecionados.