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Intervenção Psicológica no Burnout

publicado em 02 Abr. 2025

Nos últimos anos, o conceito de burnout tornou-se cada vez mais comum, especialmente no mundo em que as exigências profissionais e pessoais se tornam progressivamente mais intensas. Caracterizado pelo esgotamento físico e emocional, e pela despersonalização, o burnout afeta não só o bem estar individual, mas também a produtividade e a qualidade de vida.

 

Desta forma, torna-se fundamental compreender como se caracteriza, a sua prevalência, as principais causas e sinais de alarme. Para além disso, importa saber que a intervenção psicológica desempenha um papel essencial na prevenção e na gestão do burnout, pois oferece estratégias para a regulação emocional, diminuição da sintomatologia e um equilíbrio saudável entre a vida profissional e a vida pessoal.

Definição do Burnout

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o burnout é definido como conjunto de sintomas que resulta do stress crónico do trabalho que não foi gerido de forma adequada. Caracteriza-se essencialmente pelo esgotamento físico e emocional, pela diminuição da eficácia e da produtividade do trabalho e pelo distanciamento em relação ao trabalho, acompanhado de sentimentos negativos.

Prevalência do Burnout

No que respeita à prevalência, em Portugal, entre 2011 e 2013, 21,6% dos profissionais de saúde apresentaram burnout moderado e 47,8% apresentaram burnout elevado. O burnout afeta uma ampla gama de trabalhadores e é reconhecido como um problema significativo de saúde ocupacional. É responsável por 50% e 60% do absentismo laboral nas empresas europeias.

Causas do burnout

Existem diversas causas que podem contribuir para o desenvolvimento do burnout, nomeadamente: as cargas de trabalho excessivas; a falta de autonomia e controlo sobre as tarefas e organização do trabalho; trabalhar com condições laborais adversas; praticar horários de trabalho excessivos; a falta de reconhecimento; os conflitos com colegas e chefias; a dificuldade em conciliar o trabalho e a vida pessoal, entre outros

Sinais de Alarme

Relativamente aos sinais de alarme, podemos classificá-los em quatro categorias: físicos, emocionais, cognitivos e comportamentais. A nível físico, é comum verificar-se fadiga, dores musculares, alterações do sono e alterações de apetite. A nível emocional, pode gerar uma enorme sobrecarga, uma perceção de falta de energia para realizar as atividades profissionais e pessoais e insatisfação e perda de realização profissional. Cognitivamente, pode verificar-se a dificuldade de concentração e atenção, de tomada de decisão, a diminuição da memória a curto prazo e pensamentos negativos recorrentes. A nível comportamental, pode observar-se um maior isolamento, falta de motivação, irritabilidade e uma diminuição da produtividade.

Tratamento do Burnout

No que diz respeito à intervenção psicológica, inicialmente, pode ser realizada uma avaliação que envolve a aplicação de instrumentos de avaliação. De seguida, pode ser realizada a recolha de uma anamnese detalhada que abrange o histórico da saúde mental e física. Depois, podem ser estabelecidos os objetivos terapêuticos e alinhadas as expectativas do indivíduo em relação à intervenção.

 

Posteriormente, pode ser realizada a psicoeducação, que se constitui como uma etapa fundamental na intervenção do burnout, pois promove a compreensão do problema. O psicólogo começa por explicar o conceito de burnout como um processo cumulativo, destacando os fatores psicológicos, emocionais e físicos envolvidos, o que permite ao indivíduo reconhecer o impacto do stress prolongado na sua saúde e no seu desempenho laboral. É reforçada a importância do autocuidado e do equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, com associação a exemplos da vida pessoal do indivíduo. De seguida, poderá explorar um conjunto de estratégias que ajudem o indivíduo a identificar e modificar padrões de comportamento que perpetuam o stress.

 

Na abordagem pode ser utilizada a intervenção cognitivo comportamental com foco na reestruturação cognitiva para abordar pensamentos disfuncionais, padrões automáticos de pensamento, crenças limitantes e comportamentos.

Prevenção do Burnout

A prevenção do burnout poderá implicar uma abordagem multifatorial, que combine estratégias individuais e organizacionais para minimizar os fatores de risco associados ao esgotamento profissional. É essencial adotar medidas como a gestão de tempo e organização de tarefas, estabelecimento de limites no ambiente de trabalho e delegar tarefas sempre que possível. Além disso, a adoção de hábitos saudáveis é importante na prevenção do burnout, incluindo uma rotina de sono adequada, a inserção de pausas regulares ao longo dia de trabalho, a prática regular de atividade física, uma alimentação equilibrada e o fortalecimento das redes de apoio social.

Referências bibliográficas:
EU-OSHA, European Agency for Safety and Health at Work (2014). Calculating the cost of work-related stress and psychosocial risks. European Risk Observatory.
Khammissa, R. A., Nemutandani, S., Feller, G., Lemmer, J., & Feller, L. (2022). Burnout phenomenon: neurophysiological factors, clinical features, and aspects of management. Journal of International Medical Research, 50(9), 03000605221106428.
Ordem dos Psicólogos Portugueses (2023). Prosperidade e Sustentabilidade das Organizações – Relatório do Custo do Stresse e dos Problemas de Saúde Psicológica no Trabalho, em Portugal. Lisboa.
World Health Organization. Burn-out an “occupational phenomenon”: International Classification of Diseases, 2019. May, 2019.