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De que falamos quando falamos de varizes?

publicado em 13 Mar. 2017

Falamos de saúde ou de estética? Falamos de facto das 2 coisas. Sim, o aspeto das pernas pode sofrer uma degradação importante e irreversível, mas o problema vai frequentemente para além disso.

 

Comecemos pela cosmética. Que alterações podem surgir? Desde logo a presença de vasos anómalos. Estes podem ser simples “raios”, “derrames” ou veias reticulares – um pouco mais espessas. Estas veias apresentam colorações variadas, que incluem tons azulados, esverdeados ou vinosos e podem encontrar-se praticamente em qualquer área dos membros inferiores. As faces laterais das coxas, as zonas mediais e posteriores do joelhos e os tornozelos são regiões anatómicas frequentemente atingidas. Para além destes vasos de calibre diminuto e intermédio, as varizes propriamente ditas podem também tornar-se evidentes sob a forma de veias volumosas e tortuosas que provocam saliências cutâneas francamente inestéticas. É também possível que os membros inferiores se apresentem disformes graças ao edema (geralmente ao final do dia) que por vezes acompanha estas situações. Com o passar do tempo, e à medida que o quadro se vai agravando, a pele pode acabar por ficar alterada, por vezes definitivamente. A maior parte da vezes é junto dos tornozelos que se notam estes estigmas (pele descamativa, manchada – escurecida ou com aspeto esbranquiçado, atrófica e fragilizada, podendo acabar por ulcerar).

 

Em que é que a saúde pode ser afetada? O auto-agravamento inevitável que as varizes acabam por registar, pelo simples facto de serem deixadas à sua sorte, acaba por provocar sintomas de intensidade crescente: prurido, cansaço, sensação de peso, dificuldade em encontrar uma posição confortável durante o descanso noturno (“pernas inquietas”), calor e hipersensibilidade são algumas das queixas mais frequentemente ouvidas. Quando acaba por ocorrer a ulceração, a qualidade de vida fica comprometida de modo muito sério, com necessidade de cuidados de penso frequentes e desconfortáveis e complicações infeciosas que se podem repetir. Além deste agravamento progressivo, o risco de episódios de trombose venosa está aumentado em quem tem varizes (sobretudo de trombose venosa superficial, mas que pode evoluir para trombose venosa profunda e originar embolia pulmonar).

 

Por tudo isto, resulta claro que as varizes não devem ser ignoradas; representam de facto um problema de saúde que deve ser encarado sem alarmismo, mas com noção clara de tudo o que delas pode resultar. A diversidade das situações é grande, e as opções terapêuticas devem naturalmente ser personalizadas, mas a nota final não pode ser senão otimista: são muitas as soluções recentes com um grau de agressividade reduzido e elevada eficácia.