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O impacto do trauma: Perturbação de Stress Pós-Traumático

publicado em 14 Fev. 2021

Encontramos as primeiras referências à Perturbação de Stress Pós-Traumático (PSPT) nos sintomas que alguns militares relatavam após a participação em conflitos bélicos. Contudo, foi após a Guerra do Vietname (1954-1975) que aumentou a preocupação da sociedade face às consequências deste tipo de situações, levando ao seu reconhecimento científico. Em Portugal, dos 800 mil soldados que participaram na Guerra Colonial (1961-1974), 40 mil desenvolveram sintomatologia compatível com PSPT.

 

Com uma prevalência de 8% a nível mundial, a PSPT diz respeito a uma reação extrema, prolongada e retardada a um evento de vida, de curta ou longa duração, excecionalmente stressor ou ameaçador, que envolve morte, ameaça de morte ou ferimento sério; ter testemunhado ou presenciado um evento que envolve morte, ferimentos ou ameaça à integridade física de outra pessoa; ter conhecimento sobre morte violenta ou inesperada, ferimento sério ou ameaça de morte por um membro da família ou outra pessoa do círculo íntimo.

 

Alguns dos acontecimentos traumáticos incluem também os seguintes: ataque sexual, violação, abuso sexual; agressão; violência doméstica; assalto; sequestro; atentado terrorista; tortura; desastres naturais; acidentes de viação; diagnóstico de doença grave e/ou fatal; e testemunhar ferimentos sérios na sequência de ataque físico/sexual ou de roubo, ou da morte não natural de outra pessoa.

 

A resposta emocional da pessoa ao evento envolve medo intenso, sentimento de impotência ou terror (em crianças, a resposta pode envolver comportamento desorganizado ou agitação), levando à perturbação do funcionamento pessoal, social, com forte impacto na saúde física e psicológica.

 

Frequentemente são experienciadas recordações intrusivas do trauma ou pesadelos recorrentes, durante os quais este é revivido. Menos comummente poderão surgir estados dissociativos (perda da consciência do que faz/diz), com durabilidade variada durante os quais partes do evento traumático são revividas, comportando-se como se o vivenciasse naquele instante. Estes episódios, designados por flashbacks, compreendem intenso sofrimento psicológico e ativação psicofisiológica e ocorrem com frequência na exposição a estímulos ativadores que reportam ao evento traumático ou a uma caraterística deste (ex.: aniversários do evento). Assim, as situações ou pessoas relacionadas com o trauma são evitadas, verifica-se embotamento afetivo, diminuição do interesse na maioria das atividades, sentimento de desligamento dos outros, amnésia para partes do trauma, hipervigilância (problemas de sono, irritabilidade, raiva, dificuldades de concentração), maior ativação psicofisiológica que não estava presente antes do trauma.

 

A PSPT acarreta um risco acrescido de determinadas comorbilidades, como Perturbação de Pânico, Agorafobia, Perturbação Obsessivo-Compulsiva, Fobia Social, Fobia Específica, Perturbação Depressiva Major, Perturbação de Somatização e Perturbações Relacionadas com Abuso e Dependência de Substâncias.

 

A época que atravessamos é única, a crise pandémica apresenta um forte impacto económico e financeiro, o aumento de casos de ansiedade, depressão e de problemas ligados ao consumo de substâncias pode levar a que futuros acontecimentos sejam vivenciados como traumáticos, particularmente porque as pessoas estão mais vulneráveis e vamos ver (mais) situações de PSPT relacionadas com a COVID-19.

 

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