Tradicionalmente, o coração é visto como o centro dos afetos e das paixões, representando de alguma forma, o que sentimos. A mente, por sua vez, é compreendida como o espaço da razão, da lógica e da tomada de decisão. Ambos estão ligados por uma rede de nervos e neurotransmissores que garantem a comunicação entre si.
Com base em descobertas científicas, hoje sabe-se que o coração é mais do que uma “bomba” feita para nos manter vivos. Em momentos de maior nível de stress e ansiedade, o cérebro liberta hormonas que provocam o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, preparando o corpo para uma resposta de “luta ou fuga”. Os estímulos enviados ao cérebro pelo órgão, fornecem informações capazes de inibir ou ativar diferentes áreas, por exemplo, no caso de pessoas que sofrem de ansiedade e são orientadas a respirar calmamente durante uma crise. A respiração lenta e controlada diminui os batimentos cardíacos, e a tendência é que o indivíduo se acalme.
A pandemia Covid-19, não só teve impacto ao nível económico e social global como também teve profundos efeitos sobre a saúde mental e emocional de muitas de pessoas. Após o longo período de confinamento, muitas pessoas ainda enfrentam as consequências emocionais provocadas pela instabilidade vivida nesse período. O medo da perda repentina de entes queridos e a instabilidade financeira desencadearam altos níveis de stress e ansiedade, condições que afetaram diretamente o funcionamento do sistema nervoso. Sabe-se que uma resposta prolongada a altos níveis de stress pode enfraquecer o sistema imunológico, mas pode também provocar determinadas perturbações mentais.
A verdade é que após o confinamento, nunca assistimos a uma dificuldade tão significativa no estabelecimento de contactos sociais e, este período, obrigou-nos a uma reflexão profunda sobre a importância do amor nas nossas vidas e a uma necessidade de lidar com a ansiedade de maneira consciente e cuidadosa.
Devemos transformar o medo e a incerteza para fortalecer as nossas relações e criar um ambiente de apoio mútuo. Assim, o amor tornar-se-á não apenas um refúgio, mas também um agente transformador, capaz de impulsionar-nos, rumo a um futuro mais equilibrado e esperançoso.
A ansiedade não precisa ser um obstáculo para o amor ou relações sociais. Pelo contrário, pode ser uma oportunidade para desenvolver a empatia e compreender que todos carregam as suas próprias batalhas emocionais, permitindo assim criar laços mais profundos e priorizar a qualidade dos relacionamentos.
Apresento algumas estratégias para ajudar, mulheres e homens, a lidar com a ansiedade e a melhorar o seu relacionamento:
- Entender que a preocupação excessiva nos retira controlo e que há um quadro de ansiedade em andamento, implica também procurar ajuda.
- Reconhecer e aceitar que a vulnerabilidade faz parte da experiência humana, pode ajudar a reduzir a pressão sobre si mesmo e promover uma ligação mais autêntica com o parceiro.
- Conversar com o parceiro sobre as suas preocupações e medos pode promover a compreensão mútua e fortalecer o vínculo emocional.
- Dedicar tempo para atividades que promovam o bem-estar físico e emocional, como exercícios de meditação e hobbies, ajuda a reduzir os níveis de ansiedade.
- Praticar a atenção plena nos momentos de comunicação com o seu parceiro.
Nos casos em que a preocupação seja tão excessiva que causa prejuízo direto e por um período significativamente prolongado, o mais indicado é procurar ajuda especializada para identificar ou diagnosticar o problema e desta forma, indicar o tratamento mais adequado.