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Cancro da cabeça e pescoço: o cancro que se vê!

publicado em 28 Jul. 2021

O cancro da cabeça e pescoço é o quinto mais comum a nível mundial. Refere-se a qualquer tipo de tumor maligno que tem origem na faringe, laringe (garganta e cordas vocais), nariz e seios perinasais, boca e glândulas salivares.

 

Em Portugal, o cancro da cabeça e pescoço afeta todos os anos cerca de três mil pessoas, sendo que 50% dos doentes morrem num período de cinco anos. Um número significativo de doentes é detetado numa fase avançada da doença, contribuindo para que o nosso país tenha uma das taxas de mortalidade mais elevadas da Europa de doentes com este tipo de cancro, sobretudo homens, com mais de 50 anos.

 

O carcinoma epidermóide é o tipo histológico mais comum, responsável por 90% dos casos. O consumo de álcool e tabaco, isoladamente ou em associação, são os principais fatores de risco. Nos últimos anos tem-se verificado um aumento do número de casos de cancro da orofaringe e em idades mais jovens, associado à infeção pelo Vírus do Papiloma Humano. Existem outros fatores de risco como a má higiene oral, exposição a pó da madeira e infeção pelo Vírus Epstein-Barr, que estão associados aos tumores da boca, tumores do nariz e seios perinasais e tumores da nasofaringe, respetivamente.

 

Os primeiros sintomas e sinais da doença são frequentemente desvalorizados e confundidos com outras patologias menos graves. Devemos, por isso, estar atentos a placas brancas ou avermelhadas na boca, uma ferida na língua e boca que não cicatriza, um dente que cai sem causa aparente ou não cicatriza após a sua remoção, dificuldade ou dor ao engolir (dor de garganta ou no ouvido), rouquidão ou tosse persistente, obstrução nasal ou sangramento do nariz e presença de nódulo no pescoço. Perante a presença de qualquer um destes sintomas por um período igual ou superior a três semanas, o doente deverá ser observado por um médico da área de cabeça e pescoço, como o otorrinolaringologista, sobretudo se apresentar algum dos fatores de risco já referidos.

 

O exame físico realizado pelo otorrinolaringologista é essencial, permitindo o rastreio e deteção destes tumores, podendo ser complementado por endoscopia para observação do nariz, faringe e laringe (nasofaringolaringoscopia) ou exames de imagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética), assim como a realização de biópsia de alguma lesão suspeita.

 

O tratamento destes tumores é complexo e pode envolver uma ou mais modalidades terapêuticas entre cirurgia, radioterapia e quimioterapia.

 

O cancro da cabeça e pescoço tem um impacto significativo na vida dos doentes e seus familiares, quer pela mudança na aparência física, quer pela alteração ou perda da voz, dificuldade na respiração e alimentação, e perda de peso significativa, resultante do próprio tumor e do seu tratamento, e que podem estar à vista de todos. Neste sentido, a sensibilização e divulgação social sobre este tipo de cancro são de particular relevância, para que haja um reconhecimento dos sintomas e identificação dos fatores de risco associados a esta doença, de forma a permitir um diagnóstico e tratamento precoces.