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Por que surgem as dores de garganta?

publicado em 08 Jan. 2021

A dor de garganta (cuja designação clínica é odinofagia) surge quando há inflamação da orofaringe. É a este nível que se localizam as amígdalas palatinas e, assim, quando a inflamação é sobretudo ao nível das amígdalas palatinas podemos falar em Amigdalite, quando a inflamação atinge de forma generalizada toda a orofaringe, falamos em Faringite ou Faringoamigdalite.

 

A causa da dor de garganta pode ser subdividida em infeciosa e não infeciosa.

 

As causas infeciosas são as mais frequentes e podem ser desencadeadas por vírus, bactérias ou, mais raramente, por fungos. Cerca de 40-60% das infeções agudas da orofaringe são provocadas por vírus. As bactérias causam cerca de 5-10% das infeções agudas da orofaringe no adulto e cerca de 30-40% das infeções agudas da orofaringe nas crianças, sendo o Estreptococos beta-hemolítico o principal agente patogénico.

 

Relativamente a causas não infeciosas, estas são inúmeras e por vezes pouco específicas, pelo que dor de garganta pode ser sinal de várias doenças.

 

Enquanto as causas infeciosas cursam muitas vezes com uma inflamação aguda da orofaringe, as causas não infeciosas conduzem frequentemente a uma Faringite Crónica. Assim, doenças nasossinusais (ex: rinite alérgica, rinossinusite crónica), gastrointestinais (ex: refluxo gastroesofágico), autoimunes, tumorais e ainda fatores exógenos (ex: tabagismo, poluição, exposição em ambiente profissional a substâncias irritantes) podem causar dor de garganta.

 

O tratamento vai depender da etiologia. Nos casos de infeção aguda de etiologia vírica, o tratamento é sintomático, ou seja, é recomendado um tratamento para o alívio dos sintomas. Assim, medicamentos como analgésicos e/ou anti-inflamatórios poderão ser úteis. A prescrição médica de antibiótico fica reservada para os casos de infeção aguda de etiologia bacteriana. Assim se conclui que a maior parte das infeções agudas da orofaringe, que são a principal causa de “dor de garganta”, irão resolver-se sem antibiótico.

 

Nos casos de “dor de garganta” de causa não infeciosa, o tratamento passará por reduzir os fatores que possam estar a predispor para esse sintoma. Estas medidas poderão incluir uma melhor higiene nasal e oral ou até mesmo recomendações diatéticas.

 

Para algumas situações poderá estar indicado tratamento cirúrgico (ex: amigdalectomia). No entanto, essa orientação terapêutica exige um estudo mais pormenorizado das queixas do doente e apenas será proposta em casos pontuais.

 

Os casos de patologia tumoral são um grupo muito específico cujo tratamento obedece a guidelines internacionais. Existem sinais e sintomas a que os doentes devem estar atentos – pois poderá tratar-se de uma situação mais grave: dor persistente e com agravamento progressivo ao longo do tempo, que dificilmente alivia com a toma de analgésicos ou anti-inflamatórios, associada a outros sinais e sintomas, como dor no ouvido, dificuldade em deglutir, falta de ar ou suores noturnos – carecem de uma cuidada avaliação médica.