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Doem-lhe as costas? Atreva-se a saber mais e viver melhor

publicado em 27 Jan. 2021

O termo lombalgia, também vulgarmente designada por dor nas costas, refere-se à presença de dor na região lombar, geralmente entre a margem inferior das últimas costelas e acima dos glúteos. É uma das alterações musculoesqueléticas mais comuns nas sociedades industrializadas, de que padece entre 70% e 80,5% da população, com um padrão de recorrência em 30% a 60% dos casos, quando relacionado com o trabalho; o maior índice de doentes pertence ao sexo feminino, entre os 22 e os 45 anos de idade.

 

É um sintoma associado a vários quadros clínicos e uma das principais causas de incapacidade e absentismo laboral, ocasionando grande impacto na qualidade de vida.

 

Antes de qualquer intervenção terapêutica, é indispensável uma avaliação médica para determinar a etiologia da lombalgia, distingui-la de outras patologias com características clínicas semelhantes, como as que envolvem a articulação coxofemoral, e excluir desvios escolióticos ou a diferença de comprimento dos membros inferiores, sobretudo em idades mais jovens.

 

Estima-se que 3% dos casos de lombalgia são de natureza sistémica (inflamatória, infeciosa, neoplásica, metabólica) e 97% de natureza mecânica, sendo que neste setor apenas 20% são de causa específica, como hérnias discais ou fraturas osteoporóticas. Os restantes 80% são secundários a lesões degenerativas e musculoesqueléticas e podem estar associados a erros posturais, má execução do gesto técnico numa atividade desportiva, esforços físicos pesados em atividades laborais ou da vida diária, obesidade, fatores psicológicos (depressão, ansiedade) ou longos períodos numa mesma posição sentado ou de pé.

 

O tratamento da lombalgia envolve uma abordagem multidisciplinar e a Fisiatria é a especialidade médica excecional neste caso, porque dispõe de muitas ferramentas para o tratamento da dor, que incluem a medicação (anti-inflamatórios, relaxantes musculares, analgésicos, antidepressivos, anticonvulsivantes), os agentes físicos (massagens, ultrassom, estimulação elétrica transcutânea, parafango) e procedimentos médicos, como infiltração de pontos-gatilho ou ondas de choque, sempre adequado à patologia e comorbilidades do doente. Além disso, é um espaço onde se procura corrigir erros posturais, promover estilos de vida saudáveis, a prescrição de exercícios terapêuticos individualizados, com especial ênfase no fortalecimento muscular dos músculos profundos do tronco, abdómen e pelve, e ponderar estratégias de prevenção, como o uso de cintas abdominais destinadas a atividades específicas.

 

Não existe um real consenso no tratamento da lombalgia, mas é cada vez mais evidente que o tratamento conservador apresenta resultados satisfatórios para a maioria dos casos, sem necessidade do recurso à cirurgia, promovendo-se consequentemente uma melhor qualidade de vida. Atreva-se a viver com menor dor.