Difíceis são os dias em que vivemos desde que ouvimos a palavra “Covid-19”. Na verdade, uma parte significativa da população mundial tinha consciência que, no passado, já havíamos sido confrontados com outras “pandemias”. Contudo, e como é apanágio, o pensamento é: “não foi connosco!”.
E hoje? Hoje, sentimos o quão difícil é lidar com todas as consequências e restrições impostas pela SARS-CoV-2, particularmente ao nível da Saúde Mental e da privação de algo de que negligentemente falávamos, mas não lhe dávamos o real valor, a Liberdade.
O presente artigo não tem como foco central a análise da origem da pandemia, ou por exemplo das medidas implementadas pela OMS ou no caso de Portugal, pelo SNS e/ou DGS, mas sim, clarificar o leitor sobre a importância de desmistificar a Doença Mental.
Seja a nível individual, como coletivo, o nosso país compreendeu «tardiamente» a importância de falarmos mais sobre Doença Mental e de passarmos rapidamente da teoria à prática, designadamente através da definição de estratégias que conduzam a fecundos resultados.
É categórico afirmar que a atual situação pandémica não justifica tudo! Na minha ótica, simplesmente revelou que uma elevada percentagem da população portuguesa manifesta algum tipo de psicopatologia, maioritariamente no campo das Perturbações de Humor (Depressão) e Ansiedade. Deste modo, se firma o porquê de sermos um dos países da União Europeia que mais consome psicofármacos.
Os doentes que têm recorrido aos profissionais de saúde mental têm vindo a demonstrar que o que sentiam com maior frequência era indecisão e medo, mais precisamente sobre o que o “outro” iria pensar, particularmente as chefias nas empresas/ organizações e os familiares/amigos, no contexto familiar e/ou educacional.
Da indecisão e medo, rapidamente se foram apercebendo que percorriam um caminho sem saída. Nesta fase, podemos atestar que aqueles que apesar de apresentarem débeis mecanismos de coping (defesa), mas que apresentavam uma boa rede de apoio acabaram por corretamente tomar a decisão de socorrer-se e beneficiar do apoio dos Psicólogos e/ou Psiquiatras. Contrariamente, temos vindo a verificar que aqueles que não beneficiam desse auxílio tendem a acabar por agravar seriamente os seus estados psicopatológicos e, em última instância, a cometer atos incorrigíveis.
O acompanhamento e intervenção psicológica/psicoterapêutica é fundamental para atenuar e, se possível, eliminar definitivamente o sofrimento causado pelas respetivas psicopatologias. “Com vista à desmistificação, e no melhor interesse do doente e da sua abordagem holística, tem vindo a ser desenvolvida uma eficiente articulação entre a Psicologia e a Psiquiatria, tal como ocorre no Grupo Trofa Saúde, que se revela cada vez mais decisiva. Os resultados alcançados mediados por este trabalho conjunto têm proporcionado melhorias significativas e mais consistentes (prevenção de recaída) nos doentes.” (Dr.ª Patrícia J. Azevedo – Psiquiatra no Trofa Saúde Hospital da Trofa)
Em suma, é inegável que para obter uma melhor qualidade de vida é essencial zelar pela sua Saúde Mental. Para tal, não receie e/ou adie a procura pelo apoio dos profissionais da área da Saúde Mental.