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Anafilaxia: uma patologia potencialmente fatal

publicado em 15 Jun. 2022

A anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade mediada pelo sistema imunológico grave e que pode ser potencialmente fatal.

Caracteriza-se pelo início súbito, após a exposição a um alergénio, de sinais e sintomas que envolvem dois ou mais sistemas de órgãos, incluindo a pele (urticária e/ou angioedema, prurido palmo-plantar), sistema respiratório (falta de ar, pieira, tosse, aperto torácico), sistema digestivo (enjoos, vómitos, cólicas abdominais, diarreia), sistema cardiovascular (queda súbita da tensão arterial, taquicardia), sistema neurológico (ansiedade, confusão, crises convulsivas), choque anafilático com perda de consciência e, em casos mais graves, morte.

Por norma, o doente, após uma ou mais exposições, pode sensibilizar-se a um alergénio, por exemplo, medicamentos, alimentos ou picadas de himenópteros (abelhas e vespas), produzindo anticorpos que posteriormente os reconheçam. Num contacto futuro e de forma imprevisível, o doente pode reagir e desenvolver esta patologia.

A anafilaxia pode ocorrer em todas as faixas etárias. Os alergénios mais frequentemente envolvidos são os alimentos (leite, ovo, trigo, frutos secos – mais comuns em idade pediátrica; peixe, marisco, frutos frescos e secos – mais comuns em idade adulta), medicamentos (desde antibióticos, anti-inflamatórios, fármacos utilizados em cirurgias, meios de contraste radiológicos, etc.), agentes físicos (exercício, frio) e picadas de abelhas ou vespas.

Esta doença é uma emergência médica, já que a evolução dos sintomas que o doente apresenta é imprevisível. O reconhecimento atempado dos sinais/sintomas e tratamento precoce da reação são a chave para o controlo imediato da doença.

O diagnóstico é meramente baseado na história que o doente relata. Após um episódio de anafilaxia, o doente deverá ser sempre orientado para uma consulta de Imunoalergologia de modo a realizar um diagnóstico preciso da causa subjacente, isto é, saber o que provocou a reação.

É fundamental delinear um plano estratégico preciso com instruções escritas acerca das alergias do doente, alternativas disponíveis (no caso de alergias medicamentosas e alimentares) e medicação de emergência. Muitos destes doentes dispõem de dispositivos autoinjetores de adrenalina que são o pilar do tratamento da anafilaxia. De salientar que em algumas situações de alergia alimentar (por exemplo, alergia grave ao pêssego) e anafilaxia a veneno de abelhas e vespas, é possível a realização de vacinas antialérgicas específicas, capazes de modificar o curso natural da doença e mesmo curar a alergia.

Por último, e não menos importante, é a educação e a sensibilização de todos os conviventes do doente (familiares, comunidade escolar e amigos), já que estes podem ter num papel muito importante quer na prevenção dos episódios quer mesmo no seu reconhecimento e tratamento.