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Dieta sem Glúten

publicado em 14 Dez. 2024

As intolerâncias alimentares são cada vez mais comuns e a doença celíaca, ou intolerância ao glúten, é das mais comuns. Saiba os sintomas, o diagnóstico e o tratamento.

O que é a Doença Celíaca?

A doença celíaca (DC) é uma doença crónica, autoimune, caracterizada pela reação imunológica ao glúten. O glúten é uma proteína presente em cereais como o trigo, centeio e cevada. A doença celíaca caracteriza-se por um estado de inflamação crónica da mucosa intestinal, ou seja, quando uma pessoa com doença celíaca consome glúten, é desencadeada uma resposta imune que afeta o intestino delgado.

Quais os sintomas?

Os sintomas mais comuns da doença celíaca são, normalmente, gastrointestinais mas podem ir além destes:

  • Sintomas gastrointestinais: diarreia ou obstipação, dis- tensão abdominal, flatu- lência/aerocolia, dor abdominal, náuseas, vómitos.
  • Sintomas extraintestinais: fadiga/fraqueza, dores musculares e articulares, irritabilidade, depressão/ ansiedade, problemas de pele (dermatite herpetiforme), dor de cabeça, diminuição de apetite, perda de peso, osteoporose, anemia (défice de ferro, acido fólico, vitamina B12), infertilidade, esterilidade, aborto espontâneo recorrente, alterações do funcionamento hepático.
  • Sintomas na idade pediátrica: atraso no crescimento, baixo peso, distensão abdominal.

Como é feito o seu diagnóstico?

O diagnóstico da doença celíaca geralmente envolve análises de sangue e uma biópsia ao intestino delgado. Os exames de sangue são realizados para verificar a existência de anticorpos da doença celíaca (anti gliadina; anti endomisio; anti transglutaminase). Se estes resultados forem positivos, é feita uma biopsia intestinal para confirmação de diagnóstico. Caso os resultados sejam negativos, mas os sintomas persistirem, pode ser feita a biopsia intestinal para confirmação de doença celíaca.

Qual o seu tratamento?

O único tratamento da doença celíaca é a dieta isenta de glúten – o que significa eliminar todos os alimentos que contenham na sua constituição trigo, cevada e centeio, bem como quaisquer produtos que possam ser contaminados com glúten durante a sua produção.

Acompanhamento nutricional na Doença Celíaca

O acompanhamento nutricional é crucial na gestão da doença celíaca, pois uma dieta isenta de glúten pode significativamente influenciar a ingestão de nutrientes e a qualidade da alimentação.

 

  1. O nutricionista tem o papel de fornecer informações específicas sobre a doença celíaca, o glúten e quais os alimentos que devem ser evitados e quais as alternativas sem glúten que podem ser introduzidas como por exemplo deve ser evitado o trigo, centeio, cevada, aveia, entre outros e podem ser consumidos, por exemplo, tapioca, batata, arroz, quinoa, entre outros.
  2. É importante realizar a aprendizagem da lista de ingredientes dos produtos ali- mentares, de forma a evitar a presença de glúten. Também é necessário alertar para alguns cuidados a ter em casa na preparação, confeção e armazenamento dos produtos alimentares, de forma a garantir a segurança na dieta isenta sem glúten, evitando a contaminação cruzada.
  3. Deve haver a monitorização regular através de análises ao sangue de vitaminas e minerais como ferro, cálcio, vitamina D, vitamina B12 e ácido fólico nestes pacientes com doença celíaca, pois o risco de défices nutricionais é elevado.
  4. Mesmo com uma dieta isenta de glúten, alguns pa- cientes com doença celíaca continuam a apresentar sintomas gastrointestinais e compete ao nutricionista o ajuste de dieta para melhoria dos sintomas.
  5. Em alguns casos, pode desenvolver-se intolerância à lactose, como resultado da produção deficiente de lacta- se pelo intestino.
  6. O nutricionista deve ter em atenção que muitos dos produtos alimentares isentos de glúten têm adição de açúcar, gorduras, corantes e conservantes, devendo ter o máximo de cuidado na escolha, para que esta seja a mais saudável e equilibrada possível. Além disso, os produtos à base de cereais isentos de glúten possuem quantidades inferiores de vitaminas do complexo B e ferro comparativamente às versões convencionais.
  7. Uma dieta isenta de glúten é desafiadora a nível social, familiar e emocional. O nutricionista tem a função de fornecer este apoio emocional e estratégias para lidar melhor com estes desafios.
  8. Para os católicos ter atenção que a hóstia distribuída na eucaristia é uma fonte de glúten.
  9. Alguns medicamentos podem apresentar glúten na constituição, contudo é obrigatória a sua especificação.
  10. Alguns produtos de higiene e beleza podem conter vestígios de glúten, para aqueles que possam apresentar reação cutânea. O acompanhamento deve ser personalizado.

 

Entrevista in Revista Mariana (novembro 2024)