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Obesidade – um problema de todos!

publicado em 04 Mar. 2022

A obesidade é a doença isolada com maior prevalência a nível mundial.

Estima-se que afete mais de 1500 milhões de pessoas e a sua incidência triplicou nos últimos 30 anos. Atingiu, no século XXI, proporções verdadeiramente pandémicas, mas é uma doença tão antiga como a própria humanidade.

 

Recordamo-nos das Deusas da Fertilidade, dos retratos medievais da próspera nobreza e até do célebre: “Gordura é formosura!”. Ao longo da história da humanidade, a disponibilidade de alimentos emparelhou sempre com obesidade. No século XXI temos disponibilidade de alimentos para a maioria da população (paradoxalmente, a obesidade e a subnutrição estão em máximos históricos simultaneamente), o que se traduz num aumento exponencial das taxas de obesidade.

Serve esta introdução para demonstrar que a obesidade é um problema de todos nós, enquanto sociedade, e tem de deixar de ser encarada como uma perturbação do comportamento ou um défice de caráter.

 

Embora a causa fundamental da obesidade seja um desequilíbrio entre a energia consumida e a energia gasta, a ideia simplista de que “comer menos e correr mais” resulta em perda de peso sustentada é falsa. Isto porque o organismo tem um complexo sistema de regulação da energia corporal, que tende a manter o peso constante e que tem grande capacidade de adaptação. Esta autorregulação faz com que perder peso seja extraordinariamente difícil, porque em situações de carência energética (dieta restritiva) o organismo vai tentar preservar o equilíbrio, aumentando a fome e diminuindo o gasto energético.

 

Uma opção para isso é a cirurgia bariátrica, que altera o ponto de equilíbrio do organismo, permitindo perdas de peso importantes, sem que este contrarie essa perda de peso. Muitos consideram a cirurgia da obesidade um exagero, um risco e a utilização de uma arma desconhecida… mas tal não podia estar mais fundamentalmente errado.

 

Em casos graves de obesidade, a cirurgia bariátrica é o único tratamento comprovadamente eficaz. Atualmente, é um grupo de técnicas extraordinariamente seguras e pouco invasivas (fruto do avanço técnico e tecnológico da cirurgia), tendo menos complicações do que cirurgias como a apendicectomia ou a colecistectomia.

 

A laparoscopia permite estadias hospitalares muito curtas e o regresso à atividade diária normal apenas alguns dias após a cirurgia. E também não é uma arma desconhecida. Realizada de forma pontual desde os anos 50 e de forma sistemática desde o final dos anos 70, a partir de 1994, com o desenvolvimento da cirurgia laparoscópica, deu-se a verdadeira revolução da cirurgia bariátrica, com mais de 1 milhão de cirurgias efetuadas anualmente desde então. E foi o grande escrutínio desta cirurgia a investigação detalhada dos seus efeitos, que permitiu compreender os mecanismos fisiológicos na base da obesidade e da síndrome metabólica e finalmente considerar a obesidade como uma doença real, e não apenas como uma caraterística individual e uma agregação de fatores de risco .