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Rubéola: uma infeção quase desaparecida, mas que não deve ser esquecida

publicado em 16 Mai. 2022

A rubéola é uma doença provocada por um vírus da família Togaviridae. Os seres humanos são o seu único reservatório e, portanto, a única fonte de contágio. A infeção pelo vírus da rubéola pode ser assintomática em muitos casos.

 

Quando há sintomas, a apresentação mais comum é o aparecimento de uma erupção cutânea, com início na face e que se generaliza a todo o corpo em 24 horas, permanecendo cerca de três dias. É comum, ainda antes do aparecimento das manchas no corpo, o aumento das dimensões dos gânglios linfáticos, principalmente junto aos ouvidos e na cabeça. Também pode existir febre, dor de cabeça e inflamação das articulações.

 

Não existe nenhum tratamento específico para a rubéola, devendo apenas controlar-se os sintomas que possam ocorrer.

 

Apesar desta descrição de uma doença pouco grave, a ocorrência de infeção numa mulher grávida, não vacinada, e que não esteja imune por infeção prévia, está associada a um risco acrescido de abortamento espontâneo ou de Síndrome da Rubéola Congénita do recém-nascido, que pode provocar surdez, cataratas e anomalias no desenvolvimento cardíaco e neurológico do bebé.

 

O contágio da rubéola ocorre por gotículas que são produzidas quando a pessoa infetada tosse ou espirra. O período em que a pessoa está contagiosa pode ir desde sete dias antes e até seis dias após aparecimento da erupção cutânea.

 

A prevenção faz-se através da vacinação. A vacina disponível, é uma vacina combinada contra o sarampo, a parotidite epidémica (papeira) e a rubéola, e por isso designada VASPR, pelas iniciais das três doenças, ou vacina tríplice. A vacina é muito eficaz, e confere imunidade para toda a vida na maioria das pessoas vacinadas.

 

A vacinação iniciou-se nos países da Europa, na década de 1970, e teve um enorme impacto na epidemiologia da rubéola e da síndrome da rubéola congénita, sendo parte integrante do Programa Nacional de Vacinação (aos 12 meses e aos 5 anos de idade).

 

Antes da utilização generalizada da vacina, a rubéola era uma doença endémica em toda a Europa (ou seja, ocorria de forma habitual), ocorrendo periodicamente epidemias (aumento do número de casos acima do habitual numa determinada região). Desde 2015, Portugal tem o estatuto de eliminação da rubéola (e do sarampo) pela Organização Mundial de Saúde (ou seja, não existe evidência de transmissão endémica nos 36 meses anteriores).

 

Na Europa, de acordo com os últimos dados disponíveis do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), o país com maior número de casos foi a Polónia (71% de todos os casos da Europa nesse ano de 2017). Além desse país, ainda é considerada endémica na Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália e Roménia.

 

Quando a mulher pretende engravidar, deve verificar se está vacinada ou se já teve infeção (é possível fazer um teste laboratorial para verificar a existência de anticorpos). A vacina não pode ser feita se a mulher já estiver grávida, pelo que esta avaliação faz parte da avaliação pré-concecional recomendada.

 

Assim, estamos perante uma doença que a vacinação permitiu praticamente eliminar, mas que importa não descurar, pois apenas a manutenção de elevadas taxas de imunização permite evitar casos de doença importados de outros países onde ainda é endémica, bem como as graves consequências associadas à síndrome da rubéola congénita.