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Síndrome Doloroso do Grande Trocânter

publicado em 15 Dez. 2023

A Síndrome Doloroso do Grande Trocânter (SDGT) é a patologia da anca mais frequente, podendo atingir entre 10 a 25% da população, sendo mais comum no sexo feminino e em ambas as ancas.

 

A Síndrome Doloroso do Grande Trocânter compreende um amplo espectro de patologias inflamatórias extra articulares da anca, nomeadamente a bursite trocantérica, anca de ressalto e tendinite do pequeno e médio glúteo.

 

Caracteriza-se por dor na face lateral da coxa, podendo irradiar da nádega até ao joelho, simulando a “dor ciática”, agravando-se com o esforço e durante o período noturno, com impacto negativo nas atividades simples do quotidiano (subir/descer escadas, entrar/sair carro, etc..), sendo o doente incapaz de dormir sobre o lado afetado. As causas mais frequentes do SDGT são o trauma direto, lesões desportivas de sobrecarga e associação a outras patologias da anca, nomeadamente artrose da anca.

 

Os meios complementares de diagnóstico são essenciais para a realização do diagnóstico, permitindo distinguir de outras patologias. O Raio-x da Bacia geralmente não apresenta alterações, contudo, em situações crônicas (> 3 meses), é possível visualizar calcificações na zona do grande trocânter. A ecografia na maioria das situações é suficiente para a realização do diagnóstico, sendo o exame de eleição quando a causa da Síndrome Doloroso do Grande Trocânter é a anca de ressalto, embora apresente limitações sobretudo em doentes com excesso de peso. Quando a ecografia é inconclusiva, a Ressonância Magnética tem um papel fundamental no diagnóstico, permitindo identificar e avaliar a extensão das lesões, nomeadamente roturas tendinosas do pequeno e médio glúteo.

 

O tratamento conservador da Síndrome Doloroso do Grande Trocânter consiste na aplicação de gelo local, anti-inflamatórios orais, programa fisiátrico de reabilitação da anca, bem como alteração da atividade física, sendo o tratamento de primeira linha na patologia aguda/subaguda (<3 meses), com resolução da maioria dos casos. Nos casos crônicos (> 3 meses), sobretudo aqueles associados a calcificações e/ou roturas dos tendões glúteos, as infiltrações locais com Plasma Rico em Plaquetas (PRP´s) constituem a melhor opção estimulando localmente a regeneração tendinosa e o desaparecimento das calcificações, com taxas de remissão dos sintomas elevadas. O tratamento cirúrgico raramente é necessário, reservando-se para casos sem melhoria sintomática após os tratamentos descritos. Consiste na exérese da bursa trocantérica por via endoscópica, bem como a inserção/sutura de tendões no médio glúteo no grande trocânter.