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A importância da vitamina C nas doenças das gengivas

publicado em 24 Abr. 2022

Os citrinos são reconhecidos como as principais fontes de vitamina C e apresentam importantes características nutricionais, antioxidantes e terapêuticas associadas à prevenção e promoção da saúde através da nutrição. Há muito que o papel da vitamina C tem sido reconhecido, sobretudo a partir do século XVI, quando o escorbuto começou a ser prevenido com sumo de frutas cítricas.

 

A vitamina C é uma vitamina hidrossolúvel, não pode ser armazenada no organismo a longo prazo, devendo por isso ser consumida diariamente. É também sensível ao calor e à luz, daí a necessidade de consumir vegetais e frutos frescos sem confeção alimentar.

 

As doenças periodontais (doenças das gengivas) são infeciosas associadas a bactérias específicas e caracterizadas pela inflamação dos tecidos de suporte dos dentes (gengivite), levando, na fase irreversível, a destruição progressiva do osso alveolar e dos tecidos adjacentes (periodontite).

 

A periodontite é altamente prevalente e complexa, inicia-se por um biofilme de placa bacteriana, que progride amplamente para uma resposta imunoinflamatória do hospedeiro. Assim, a ocorrência e a progressão da doença são influenciadas pelo hospedeiro, fatores de risco (por exemplo, tabaco e álcool) e o tempo. Os fatores derivados do hospedeiro podem ser influenciados por fatores genéticos, hormonais e nutricionais.

 

Entre as várias funções da vitamina C, as três principais para as doenças periodontais são: aumentar a síntese de feixes de colagénio nas fibras periodontais em regeneração, vasos sanguíneos e osso alveolar; desempenhar funções imunomoduladoras (os leucócitos acumulam vitamina C numa concentração 80 vezes superior à encontrada no plasma); ter uma ação reguladora no controlo de danos causados. A deficiência em vitamina C é caracterizada por um aumento da suscetibilidade a hemorragia se lentidão do fluxo sanguíneo (embora a carência não cause gengivite, aumenta a gravidade dessa condição. E agrava a resposta gengival, aumentando o edema e o sangramento). Além disso, esta deficiência aumenta a permeabilidade da mucosa oral às endotoxinas, comprometendo a função de barreira do epitélio contra os microrganismos. Pessoas, com doença periodontal, apresentam níveis sistémicos diminuídos de vitamina C quando comparados com indivíduos saudáveis.

 

Assim, a vitamina C é necessária no combate às doenças infeciosas e na regeneração tecidual. Uma ingestão insuficiente da mesma pode estar implicada nas doenças periodontais.

 

A remoção mecânica da placa subgengival e o alisamento da superfície radicular têm sido os métodos tradicionais para controlar a doença periodontal. No entanto, existem casos em que os doentes não respondem bem ao tratamento. Espera-se que a ingestão dietética de micronutrientes adjuvantes à terapia periodontal ajude a manter um sistema imunológico equilibrado, afetando vários processos biológicos e melhorando a imunidade.

 

O médico dentista assume uma posição privilegiada na deteção de carências nutricionais e no aconselhamento dietético conducente a uma melhoria da saúde oral e geral. Sempre que possível, deve haver colaboração entre médicos, médicos dentistas e nutricionistas para, através do conhecimento e da compreensão de causas e efeitos de uma má nutrição, poderem desenvolver estratégias de prevenção e tratamento de estados nutricionais deficitários.