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Dor Cervical

publicado em 07 Jan. 2019

A dor é desencadeada pelo nosso organismo para nos proteger ou alertar da lesão, mas é simultaneamente uma das principais causas de incapacidade laboral e perturbação da nossa atividade social. Neste campo, paralelamente à dor lombar, a dor na região cervical é um dos sintomas mais comuns da população portuguesa. Está intimamente relacionada com a nossa atividade, forma física, postura, stress ou humor.

 

A alteração degenerativa da coluna é a principal causa de dor, associada a toda a modificação biomecânica, seja por um fator estrutural, associado a alteração óssea, articular ou ligamentar, ou fator muscular, nomeadamente na designada síndrome miofascial. Trauma e doenças inflamatórias são outras das causas identificáveis.

 

Descrevem-se as principais afeções da coluna cervical:
Doença degenerativa: ocorre pela lesão progressiva do disco intervertebral simultânea a artrose das restantes articulações da coluna. Há perda de mobilidade e inflamação recorrente. Carateriza-se por dor em posição de repouso, sensação de “queda da cabeça” e “dormência” (parestesia) frequente dos membros superiores.
Hérnia discal cervical: a mais famosa doença da coluna cervical. É uma lesão muito frequente, mesmo em idades jovens. A grande maioria pode não ter qualquer manifestação, mas tipicamente condiciona uma dor irradiada (que se desloca) do pescoço para a zona do ombro, braço ou mão, em conjunto com a sensação de dormência no trajeto do nervo afetado – termo médico de radiculopatia.
Síndrome miofascial: lesão do músculo e fáscia (membrana que recobre o músculo), que se carateriza por apresentar os designados “trigger points” – pontos gatilho ou desencadeadores –, áreas de maior sensibilidade e que despertam dor intensa quando palpadas. Decerto já vivenciou a experiência de sentir uma banda de tensão com enorme sensibilidade na região posterior da sua cervical. É facilmente tratada se devidamente diagnosticada.

 

Esta condição está intimamente associada à cefaleia de tensão, com um mecanismo causal semelhante, que condiciona aquilo que designa por dor referida – dor que surge à distância da lesão. Pode manifestar-se conjuntamente com dor numa zona da cabeça, tipicamente posterior (occipital), mas também periocular ou facial. É vulgarmente confundida com outros tipos de cefaleia, com causas e orientações distintas, e deve ser avaliada pelo médico Neurologista.

 

Estes sintomas, comuns à maioria da população, justificam a observação em consulta da especialidade se os sintomas forem persistentes e incomodativos nas suas tarefas diárias. Excluindo qualquer sinal de alerta, como a falta de força ou perda total de sensibilidade ou coordenação, todo os doentes têm indicação para manter um período de tratamento conservador, antes da realização de qualquer exame ou proposta para tratamento invasivo ou cirúrgico.

 

A ressonância magnética cervical é o exame auxiliar mais importante, conjuntamente com a eletromiografia, que permite avaliar a função do nervo.

 

O exercício do Neurocirurgião é identificar os diferentes tipos de dor e direcioná-lo para o tratamento indicado, desde a simples lesão muscular à patologia cervical mais grave e com necessidade de tratamento cirúrgico.