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Vasectomia – um método eficaz de contraceção masculina

publicado em 15 Nov. 2019

De acordo com um estudo da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e da Sociedade Portuguesa de Contraceção, realizado em 2015, 94% das mulheres sexualmente ativas com idades entre os 15 e 49 anos recorrem a métodos contracetivos. A pilula mantem-se como o meio mais frequente, correspondendo a 64% dos casos. No entanto, a contraceção não tem obrigatoriamente de ser uma opção da quase exclusiva responsabilidade da mulher, existindo diferentes meios contracetivos masculinos como o preservativo (método barreira) ou a vasectomia.

 

O sucesso na escolha de um método contracetivo vai depender de decisão esclarecida e voluntária sobre a eficácia, custos, segurança, efeitos secundários e reversibilidade dos métodos disponíveis. Mas, com o elevado número de formas de contraceção, pode ser difícil escolher o método mais apropriado.

 

A vasectomia é um método eficaz e relativamente fácil de contraceção masculina. Esta cirurgia consiste no bloqueio cirúrgico dos canais por onde passam os espermatozoides, de modo a impedir que estes se juntem aos restantes elementos do sémen. A ejaculação continua a existir e o sémen preserva a maior parte das suas propriedades, mas como não possui espermatozoides viáveis impossibilita assim a hipótese de gravidez. Após uma vasectomia, os testículos ainda produzem espermatozoides, mas estes são progressivamente absorvidos pelo organismo.

 

Apesar de nos países desenvolvidos ser um método de contraceção cada vez mais utilizado, em Portugal o número de homens que recorrem a esta técnica mantem-se relativamente baixo. A cada ano, mais de 500.000 homens nos EUA escolhem a vasectomia para controle de natalidade.

 

Técnica Cirúrgica
A vasectomia é realizada em ambulatório, em contexto hospitalar e, na maioria dos casos, só precisa de anestesia local. Em seguida, através de um corte ou de um orifício na pele, isola-se e bloqueia-se o canal por onde passam os espermatozoides.
Geralmente, recomenda-se repouso temporário para atividades físicas moderadas e intensas, sendo possível o regresso ao trabalho ao final de 2 a 3 dias, caso não exista desconforto relevante. A atividade sexual deverá ser retomada assim que o homem se sinta confortável para tal. Nas primeiras 8 a 12 semanas após a vasectomia é necessário usar outro método contracetivo, pois pode demorar esse tempo até “limpar” os restantes espermatozoides dos tubos (canais deferentes). Só após ser realizada a análise ao esperma é que podemos confirmar que já não existem espermatozoides funcionais.

 

Benefícios da Vasectomia
É um dos métodos mais eficazes existentes na prevenção da gravidez, com taxas de sucesso superiores a 99% dos casos. Ao contrário da pílula e outros métodos contracetivos utilizados pelas mulheres, este não interfere nos níveis hormonais, no desejo sexual ou na dinâmica da relação sexual, com raros efeitos a longo prazo para a saúde do homem.
Dado ser realizada em ambulatório e com anestesia local, por apresentar uma elevada taxa de eficácia e ser uma cirurgia com baixa percentagem de complicações, esta apresenta-se a longo prazo como o método mais barato de contraceção e uma alternativa mais simples e segura em comparação com a esterilização feminina.

 

Desvantagens da Vasectomia
Apesar de existirem métodos para se tentar reverter a vasectomia (voltar a permeabilizar o canal) ou para engravidar a parceira através de técnicas de procriação medicamente assistida (ex. colheita de espermatozoides ou criopreservação de espermatozoides), a vasectomia deve ser considerada como um método definitivo e irreversível. Outra desvantagem da vasectomia, é o facto de não proteger contra as infeções sexualmente transmissíveis.

 

Riscos pós-operatórios
Semelhante a qualquer cirurgia, existe um pequeno risco de sangramento ou infeção, que geralmente se resolve após repouso, gelo ou antibioterapia. Há ainda um pequeno risco de síndrome da dor pós-vasectomia, ou seja, uma dor constante que pode surgir após a cirurgia e manter-se no tempo. Não está ainda bem esclarecida a causa, mas geralmente é tratado com analgesia e anti-inflamatórios.
Os estudos mostram que homens que fizeram a vasectomia não apresentam maior risco de doenças cardíacas, cancro de próstata, cancro de testículo ou outros problemas de saúde.

 

A maior parte dos homens que optaram pela vasectomia não se mostra arrependido a longo prazo referindo, em alguns casos, que a ausência do receio constante de engravidar a parceira pode fortalecer o relacionamento e tornar a intimidade mais agradável para os dois.