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A importância do seguimento oftalmológico do doente diabético

publicado em 11 Ago. 2019

A Retinopatia Diabética é a principal causa de cegueira evitável, na população ativa, no mundo ocidental.

 

Em 2017 existiam em todo o mundo 425 milhões de doentes com Diabetes mas estima-se que esse número suba para 628 milhões em 2045. Ou seja, se a Diabetes fosse um país, seria o 3º país mais populoso do mundo!

 

Segundo a edição de 2016 do Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes, estima-se que a prevalência da Diabetes na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,7 milhões de pessoas) seja de 13,3%, isto é, mais de 1 milhão de portugueses neste grupo etário tem Diabetes. Número esse também com tendência para aumentar devido ao envelhecimento da nossa população. O mesmo relatório conclui que aproximadamente metade dos indivíduos com Diabetes desconhece que o é.

 

Sabendo que a duração da Diabetes é o fator mais importante no desenvolvimento da Retinopatia Diabética (o controlo da Diabetes é o segundo fator mais importante); e que a probabilidade de um doente apresentar Retinopatia Diabética após 16 anos de progressão da sua Diabetes é de 60%, podemos ficar com uma ideia aproximada da real dimensão do problema.

 

A Retinopatia Diabética é uma doença vascular da retina (o tecido nervoso responsável pela nossa visão), resulta de um estado inflamatório crónico típico da Diabetes, e é classificada em níveis de gravidade crescente. A frequência da observação oftalmológica dos doentes com Retinopatia Diabética correlaciona-se diretamente com o seu nível de gravidade, podendo chegar a ser de uma consulta a cada 2 meses se estivermos na presença de Edema Macular Diabético – a causa mais frequente de diminuição da acuidade visual entre a população diabética.

 

Uma vez que os sinais e sintomas da Retinopatia Diabética, principalmente a visão turva e a diminuição da acuidade visual (parcial ou total), podem aparecer apenas em fases mais tardias da doença, torna-se fundamental o acompanhamento oftalmológico precoce de todos os doentes diabéticos. Assim, e de um modo geral os diabéticos tipo 1 devem fazer uma primeira observação com um oftalmologista, 3 a 5 anos após o diagnóstico, enquanto os diabéticos tipo 2 devem procurar essa observação imediatamente aquando do diagnóstico da doença. Após essa primeira observação e se não se verificar nenhuma lesão de Retinopatia Diabética, a consulta deve ser repetida anualmente.

 

A principal motivação para estes esquemas de deteção precoce de lesões relacionadas com a Diabetes prende-se com a eficácia dos tratamentos atuais existentes, que podem passar pela realização de injeções intraoculares, laser ou outros procedimentos cirúrgicos mais complexos. Assim, uma deteção e tratamento precoces da Retinopatia Diabética traduzem-se numa diminuição real do risco de perda de visão e numa manutenção significativa da qualidade de vida.