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Cancro do colo do útero: a prevenção é o melhor remédio!

publicado em 13 Mar. 2024

No passado mês de janeiro assinalou-se o mês da consciencialização para a prevenção do cancro do colo do útero.

 

O cancro do colo do útero é o 2º cancro mais frequente na mulher, tendo elevada mortalidade nos países em desenvolvimento onde o rastreio não está ainda bem estabelecido e o diagnóstico é realizado mais tardiamente e em fases mais avançadas da doença.

 

Os três pilares para a prevenção deste cancro são a vacinação contra o vírus Papiloma Humano (HPV), o rastreio periódico do cancro do colo do útero e o tratamento de lesões cervicais pré-cancerígenas.

 

O principal fator de risco para o cancro cervical é a infeção persistente pelo vírus HPV, com um período de latência de cerca de 10-15 anos entre a infeção e o desenvolvimento do cancro.

 

É estimado que pelo menos 84% da população mundial sexualmente ativa será infetada por um tipo de HPV ao longo da sua vida. A maioria das pessoas consegue resolver espontaneamente a infeção, no período de 1 a 2 anos, no entanto a
imunidade natural não parece ser tão protetora para novas infeções víricas como a imunidade conferida pela vacina.

 

Para 10% da população mundial infetada, o vírus poderá permanecer persistente e originar cancro do colo do útero, associado a infeção por HPV em 99% dos casos, e ainda cancro do ânus, vulva, vagina e pénis numa menor percentagem.

 

Existem mais de 200 genótipos diferentes de HPV, mas apenas 14 dos genótipos de alto risco têm a capacidade de despoletar cancro, sendo os mais frequentes o serotipo 16 e 18.

 

Outros fatores de risco associados ao cancro do colo do útero são o tabagismo, imunossupressão, fatores genéticos, início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros sexuais e comportamentos sexuais de risco como o uso inconsistente do preservativo.

 

A prevenção deste tipo de tumores é possível, quer com a vacinação contra o HPV, quer com a realização do rastreio do cancro do colo do útero, onde se pode identificar a infeção pelo vírus e lesões pré-cancerígenas associadas. O uso do preservativo está recomendado apesar da proteção contra este vírus ser de cerca de 70%.

 

A vacina mais recente contra o vírus HPV, a vacina nona-valente protege contra 9 tipos de HPV (7 de alto risco) e faz parte do Plano Nacional de Vacinação, tendo eficácia máxima se administrada antes de qualquer contacto sexual. A vacina administrada após os 26 anos é aconselhável a título individual, apesar da relação custo/benefício ser mais discutível do que antes de qualquer contacto com o vírus. Não há limite de idade para a administração da vacina, tendo esta benefício adicional em doentes tratadas para lesões do colo do útero ao minimizar a sua recorrência.

 

O rastreio consiste na citologia cervical (ou teste Papanicolau) em que se realiza uma colheita de células do colo do útero com um escovilhão que depois são analisadas para descartar lesões celulares. Deve ser incluído o teste de HPV de alto risco pois este é o método mais sensível para detetar alterações. Um rastreio positivo deve ser encaminhado para consulta de Ginecologia para orientação com exames adicionais como a colposcopia e/ou biópsia do colo uterino.

 

A combinação da vacinação contra o HPV e o rastreio têm o potencial para eliminar o cancro do colo do útero no futuro.