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Cirurgia de Cristalino como Cirurgia Refrativa

publicado em 11 Out. 2019

O cristalino consiste na lente natural do olho, situada atrás da íris (a parte colorida do olho) e que tem como função focar os raios luminosos na retina para uma visão nítida. As principais patologias que afetam o cristalino são a presbiopia e a catarata, ambas associadas ao envelhecimento.

 

A presbiopia resulta da redução da elasticidade do cristalino, com consequente perda da capacidade do olho focar para perto a partir dos 40-45 anos. Por sua vez, a catarata consiste na perda de transparência do cristalino, sendo uma importante causa de cegueira reversível a nível mundial.

 

A cirurgia de cristalino é uma cirurgia segura e com alta taxa de sucesso. A técnica cirúrgica mais utilizada nas últimas décadas é a facoemulsificação do cristalino, que consiste na sua microfragmentação e aspiração com recurso a ultrassons, após a abertura da porção anterior do seu saco. Esta técnica tem sido aperfeiçoada até aos dias de hoje, com melhorias significativas ao nível da facodinâmica dos aparelhos de facoemulsificação e ao nível do menor tamanho dos instrumentos e materiais utilizados, que atualmente permitem a realização da cirurgia por incisões inferiores a 2 mm. Tais factos têm melhorado e muito a segurança da cirurgia. Por outro lado, a criação de novos tipos de lentes intraoculares, nomeadamente lentes tóricas (para correção de astigmatismo) e multifocais (para obtenção de visão simultânea de longe e de perto), permitiu corrigir a maioria dos erros refrativos.

 

A introdução de lentes tóricas foi particularmente importante, uma vez que o astigmatismo é muito prevalente na população. A título exemplificativo, estima-se que 35- 40% da população tenha valores de astigmatismo iguais ou superiores a uma dioptria, astigmatismo que, não sendo corrigido, condiciona necessariamente uma má visão sem óculos.

 

A cirurgia de cristalino realiza-se mais frequentemente para a remoção de uma catarata. Na ausência de uma catarata estabelecida, pode realizar-se também a cirurgia em casos selecionados e bem estudados, mais frequentemente após os 50 anos, com fins puramente refrativos. A cirurgia é tecnicamente a mesma, sendo que a remoção do cristalino evita necessariamente o aparecimento de catarata.

 

A cirurgia, com ou sem catarata estabelecida, permite a correção de erros refrativos significativos (miopia, hipermetropia e astigmatismo) e/ou da presbiopia com vista a se obter independência de óculos.

 

A cirurgia é realizada num bloco operatório, maioritariamente em regime de ambulatório (com alta no próprio dia), sob anestesia tópica e sem sangramento associado. Trata-se de um procedimento complexo e delicado, mas que realizado por um cirurgião treinado, tem uma baixa taxa de complicações. A lente intraocular implantada é definitiva e impercetível pelo doente. A recuperação do procedimento cirúrgico é geralmente rápida e, desde que haja recurso a lentes intraoculares adequadas, é conseguida independência de óculos para ver ao longe, na maioria dos casos. Em casos selecionados, maioritariamente com recurso a lentes multifocais, é também possível obter-se independência de óculos para ver ao perto.

 

Pelo descrito, se depreende que esta é uma cirurgia com uma elevada taxa de satisfação e que em muito melhora a qualidade de vida.